Com o tema “Que Cidade Queremos?”, a Câmara Municipal de Sorocaba realizará, no próximo dia 27/02, com início às 19h, uma audiência pública para debater a importância do planejamento urbano na cidade de Sorocaba.
A organização é da Comissão Permanente de Habitação e Regularização Fundiária, por iniciativa da sua presidente, vereadora Iara Bernardi (PT Sorocaba), e dos membros vereadores Vitão do Cachorrão (MDB) e Wanderley Diogo (PRP).
Por coincidência, essa audiência leva o mesmo mote que levou, em dezembro de 2012, quando os vereadores discutiam às pressas modificações no Plano Diretor de Sorocaba, o empresário Sérgio Reze a liderar a fundação do Instituto Defenda Sorocaba e que nasceu com esse objetivo de reunir lideranças da comunidade em torno desse tema.
E essa audiência chega num momento onde está na imprensa, particularmente neste blog e nas páginas do jornal Cruzeiro do Sul, artigos do próprio Sérgio Reze a respeito de autorizações dadas pela prefeitura de Sorocaba para a construção de 22 torres de apartamentos num lado da rodovia Raposo Tavares e a construção de um viaduto que vai unir com outras dezenas de apartamentos do outro lado. Esse é o foco, as autorizações que nascem em gabinetes de burocratas de plantão no comando do Poder Executivo.
O jornalista Geraldo Bonadio, em artigo em sua página de rede social, no intuito de discutir o papel da rodovia Raposo Tavares ao longo da história (seja no tempo do governador Ademar de Barros ou do prefeito Vitor Lippi) classifica os artigos de Sérgio Reze como sendo picuinha dele com o ex-prefeito: “(…) deixadas de lado as picuinhas dele com o ex-prefeito Antonio Carlos Pannunzio e os integrantes da então equipe de governo – que são objeto para um outro debate (…)”.
Fica a pergunta: será mesmo picuinha?
O fato é que Pannunzio não respondeu a Sérgio Reze, nem mesmo a pesado editorial do jornal Cruzeiro do Sul a respeito do tema, sobre as decisões do seu governo que tanto mexem na vida de milhares de pessoas naquela região da cidade. Certamente, experiente parlamentar que é, com sua importante participação na Câmara federal, é de se imaginar que Iara Bernardi se interessará em entender as autorizações chamadas de picuinha uma vez que um debate sobre algo concreto, e bem particular, que acontece nas adjacências da Ambeu (Associação dos Moradores dos bairros Elton Ville, Uirapuru), servirá para entender a linha de raciocínio do mesmo governo para autorizar a construção de 30 mil lotes ao final do Jardim Montreal, onde era apenas zona rural no extremo da Zona Oeste, quase divisa com George Oeterer em Iperó. Ou a autorizar construção de duas gingantes torres na avenida Antônio Carlos Comitre. Ou um prédio de 22 andares atrás do Wall-Mart.
Presença de autoridade
A audiência em torno do tema “Que Cidade Queremos?” será enriquecida pela palestra do arquiteto e urbanista Nabil Bonduki, referência nacional sobre planejamento e desenvolvimento urbano.
Pela complexidade do tema, certamente será uma audiência que dará início a um complexo trabalho de compreensão sobre leis, interpretações dessas leis, autorizações e até mesmo a velocidade da justiça em tomar decisões sobre tais temas.
E o urbanista Bonduki – como professor titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, ex-secretário municipal de Cultura de São Paulo na Gestão Fernando Haddad (PT) e relator do Plano Diretor Estratégico na Câmara Municipal de São Paulo, plano esse que promoveu alterações urbanísticas com reconhecimento internacional – certamente terá muito a ajudar.
Como presidente da Comissão Permanente de Habitação e Regularização Fundiária, Iara afirma que a audiência “será uma grande oportunidade para se debater a falta de planejamento que está piorando as condições de vida na cidade de Sorocaba”. Para ela, Sorocaba “tem um crescimento desordenado, fruto da falta de planejamento, que exige uma revisão urgente. A cidade cresce sem pensar, por exemplo, em como suprir a futura demanda por água. Vamos debater mobilidade, crescimento, reordenação do uso do solo, dentre outros aspectos importantíssimos”, diz ela.
Estão sendo convidadas dezenas de entidades e autoridades que possuem profunda relação com o ordenamento urbano e rural do município, além de autoridades acadêmicas, ambientalistas, geógrafos e urbanistas.