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Daqui a trinta anos, quando alguém me perguntar, ou simplesmente comentar, sobre a Copa do Mundo do Catar, vou lembrar da experiência do que vivi antes de terminar o jogo histórico em que o Brasil passou pela defesa da Suíça. Ao contrário do queijo todo furadinho que dá fama ao país, a defesa da seleção é quase intransponível. Quase…

Casemiro havia acabado de fazer o único gol do jogo quando desabou um temporal. Em minutos a piscina, que estava dez centímetros vazia, transbordou. E, simultaneamente, começou a chover dentro da sala de minha casa. A água vertia pela lâmpada do teto. Então amaldiçoei a arquiteta (vou poupá-la e não direi seu nome) que botou lâmpadas de Led na sala me convencendo de seus benefícios. Qualquer sala tem uma lâmpada, aqui são sete. O teto virou um chuveiro…

Então a luz ficou fraca. Pensei que fosse algum disjuntor, desses internos. Não era. Então fui no postinho que recebe a energia da CPFL, na calçada de entrada de casa. Ali o disjuntor não está na horizontal, ou seja, eu não sabia se ele tinha caído. E virei a alavanca. E a casa que estava com meia-fase ficou sem energia alguma. Fiz o óbvio, puxei a alavanca para o seu ponto inicial. Mas não consegui. Senti, então, a incompetência de minha falta de habilidade para as coisas práticas da vida.

O problema passou a ser achar um eletricista disponível. Achei. Com fscilidade, ele armou o disjuntor. 

Que humilhação!

Na última luz do dia, já em cima da casa, depois de tirar telhas térmicas (que ódio da arquiteta…), que “protegem” a laje, o eletricista deu seu diagnóstico. Nada que pudesse ser resolvido naquele momento, evidentemente…

E toca jogar fora a água dos baldes cheios de chuva represadas na laje da sala que escapuliram pelo conduíte das lâmpadas de Led. Foram mais de dez baldes. Foram 100 litros de água só na minha sala. Foram sete toalhas de banho, 6 tapetinhos, 9 panos de chão… que feriram minha mão de tanto torcê-los… E rodô. E paciência. Não só para tirar a água da sala, mas de ouvir que a culpa era minha que não faço a manutenção do telhado e blá-blá-blá… 

O jogo do Brasil acabou por volta das 15h, a energia completa (estava meia-fase) só voltou às 22h e o pinga-pinga nos baldes foi até a manhã de terça-feira.

Conclusão: o Brasil poderá até ser hexa no Catar, mas é da tromba d’água na minha sala que vou me lembrar. Daqui 30 anos… será disso.

Escrevendo, me lembrei de um hino que cantava na missa na Igreja Santa Rita, cujo a letra não me recordo (algo assim: Como posso ser feliz… se ao pobre meu irmão…), falando sobre como eu posso dormir bem se na casa do meu semelhante as goteiras destruíam tudo… Como eu me sentia culpado quando chovia e o barulho da água embalava meu sono…

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