O prefeito Crespo, tido como um dos mais teimosos e turrões homens públicos de Sorocaba – característica que lhe acompanha em toda a sua vida pública, portanto não é do momento em que se elegeu prefeito – relutou até o último momento em mudar de opinião a respeito da saída dos três secretários acusados na Operação Casa de Papel.
Na segunda-feira, enquanto os agentes da Polícia e MP ainda não haviam deixado o Paço Municipal, o prefeito Crespo reuniu toda sua equipe de secretários e disse a todos que confia nos três secretários acusados, disse acreditar que ao final a verdade ficará conhecida, e que havia tomado a decisão de deixa-los no cargo.
O prefeito sentiu-se colocado contra a parede para demitir os três secretários a partir do momento em que a Comissão Especial de Acompanhamento da Investigação da Polícia e MP que protocolou a solicitação dos afastamentos e frisou que “caso a Prefeitura não acate a solicitação, a medida poderá ser requerida judicialmente”.
O prefeito sentiu um tom de ameaça neste ponto, mas depois de conversas entendeu que não é hora de criar problemas, mas resolver os que já existem.
Foi somente quando Zuliani assegurou a Crespo que não se sentia traído e que reconhecia a iniciativa dele em deixá-lo no cargo que o prefeito mudou de idéia. Mais do que isso, ficou decidido que a decisão de sair era dos acusados (tanto que foram três pedidos de exoneração) e que ao prefeito restava aceitar.
Eloy de Oliveira foi o último a se decidir pela saída. Depois de Zuliani, que há duas décadas está com o prefeito na vida pública, não lhe restava outra alternativa.
Ninguém sabe o tempo que vai levar para a conclusão do inquérito da Operação Casa de Papel, mas os três saíram com a sensação de que não haverá tempo, antes de que acabe o governo, para que voltem às funções que agora deixam, caso o final dessa história seja favorável a eles. Pois se não for, prevalecendo as acusações, mesmo que houvesse tempo, obviamente, não voltariam.