Quando o vereador Fernando Dini divulgou a reunião entre a prefeita Jaqueline Coutinho, então no cargo há 17 dias, o padre Flávio Miguel, presidente da Santa Casa, Milton Sanches, do Sindicato do Funcionários da Saúde, e ele próprio, como presidente da Câmara, dizendo que aquele momento era um Pacto pela Saúde, onde estava sendo selado um novo compromisso entre os poderes da cidade, entendi que havia algo de estranho no ar.
Os dias se passaram e isso ficou bem claro. A Câmara antecipou uma devolução de dinheiro, o que no geral faz no final do ano, e assim a prefeitura conseguiu honrar o repasse que tinha que ser feito à Santa Casa que já estava com o salário dos médicos atrasados em duas semanas.
A questão é outra. Mais grave. Já prefeito cassado, na rádio Ipanema, Crespo disse que o problema é que o dinheiro que a prefeitura imaginou receber em impostos, quando elaborou o orçamento, está menor. Ou seja, há gastos, mas não tem como pagar.
Assim, o maior desafio da prefeita Jaqueline neste seu primeiro mês é entender o que se imaginou que haveria de dinheiro e o que de fato há. E se o dinheiro que há é suficiente para repassar a quem presta serviço de saúde, se dá para pagara salário de funcionário em dia e se vai sobrar para o 13º que deverá ser pago daqui a pouco, afinal entramos no último quadrimestre do ano.
Em junho, prevendo problemas, o prefeito de então, Crespo, enviou projeto remanejando R$ 7,8 milhões no orçamento municipal para beneficiar a saúde tirando dinheiro de 11 outras secretarias.
Jaqueline, no seu tempo, terá de dar uma satisfação aos seus pares de governo, aos vereadores e à sociedade. Vamos aguardar.
Na sessão da Câmara de hoje, só para ilustrar a dramaticidade dessa situação, o líder do governo, vereador Eng. Martinez, justificou o cancelamento da Festa Literária Internacional de Sorocaba, prevista no orçamento, por falta de recursos.