O forte calor que perdurou por mais de dez dias em todo o Estado provocou a diminuição do nível de água na represa da pedreira desativada de Salto de Pirapora.
E o local, uma espécie de lenda urbana da região, se mostrou ao que ele está resumido: um cemitério de carros sejam roubados ou desovados para o proprietário acionar o seguro.
A revelação da existência da carcaça do 15 carros submersos foi feita pela empresa concessionária Águas de Araçoiaba, responsável pela captação da água do lago para despejo no rio Pirapora. Ela denunciou a existência dos carros à polícia que, agora, promete uma investigação.
Na 1ª edição do Tem Notícias, jornal da TV TEM da hora do almoço, que foi ao ar hoje, as primeiras imagens do local se tornaram públicas. As duas fotos aqui publicadas são reproduções da reportagem da TV TEM.
Não consigo deixar de ver essa pedreira como um desperdício de dinheiro em razão de ninguém investir em seu potencial turístico. Até 2012, o local ainda era usado por escolas que ensinam as pessoas a mergulharem, mas há oito anos essa prática está proibida.
O local poderia ser um parque como tantos existentes no Brasil afora. O conceito de economia criativa, se fosse aplicado à pedreira desativada de Salto de Pirapora, poderia gerar empregos e riqueza, mas é apenas um cemitério de carros.
O turismo de aventura é um dos mais ricos e promissores do mundo e não vejo razão para que local tão apropriado para atrair este tipo de público siga solenemente ignorado.
Atração de mergulhadores
Reportagem publicada na revista Brasil Mergulho, no ano 2000, portanto há duas décadas, enaltecia as maravilhas do local. Reproduzo a seguir um trecho extenso do que informou a revista: “A visibilidade nas águas da pedreira se mantém em torno de 6 m, podendo chegar aos 12m em determinadas épocas do ano, não chegam a ser um Caribe, mas é suficiente para um bom mergulho. Para os entusiastas do local, o inusitado da viagem se torna um motivo a mais para visitar Salto de Pirapora. As condições do mergulho na Pedreira são muito boas. Não há correnteza e a visibilidade é constante. Mesmo se na superfície a água estiver um pouco turva, descendo alguns metros já se encontra água limpa.
No fundo do lago, as atrações são as bombas hidráulicas abandonadas, e alguns veículos que foram literalmente jogados ou abandonados. A fauna sub não é muito rica, porém, durante os mergulhos, são vistos alguns cascudos e tilápias nadando pelos paredões rochosos. Árvores submersas são o último item da lista de elementos que compõem a paisagem subaquática das Pedreiras de Salto de Pirapora.
A única dificuldade do mergulho nos lagos artificiais é a altitude. A diferença em relação ao nível do mar, em torno de 700m acima do litoral, muda as relações das tabelas de mergulho. O problema é agravado pela grande profundidade do local e pela baixa temperatura da água (17 / 18º C). Esse quadro restringe os limites descompressivos. A falta de atenção pode causar doenças da descompressão. O problema, no entanto, é fácil de resolver, bastando para isso se observar as regras de segurança, com o ajuste das tabelas e das condições gerais do mergulho.
As características do lugar também têm atraído as escolas de São Paulo, Campinas e Sorocaba para ministrar o check out dos cursos avançados. Salto de Pirapora hoje, inclusive, já faz parte da programação de viagem de um sem número de mergulhadores que procuram diversificar suas experiências subaquáticas.
Para mergulhadores paulistanos e paulistas, foi a realização de um pequeno sonho: um ponto de mergulho interessante, a menos de duas horas de distância de casa e com boa visibilidade. Entretanto, nem tudo é perfeito. Temos assistido, nesses poucos meses em que as Pedreiras de Salto de Pirapora se tornaram populares entre os mergulhadores, um festival de negligências às regras de segurança do mergulho”.