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A viagem até São Paulo foi absolutamente tranquila até a chegada ao final da rodovia Castello Branco, quando se entra a direita para pegar a Marginal Pinheiros ou segue até desembocar na Marginal Tietê.

No km 19 já se via o afunilamento dos carros no km 16 devido a manobra do guincho da CCR no acostamento. Como sempre, não é o guincho (ou os envolvidos no acontecimento) quem provoca o estreitamento da pista, mas cada um dos motoristas, aquele curioso, que quer ver, que ser testemunha ocular, que quer captar um detalhe para contar a alguém…

Eu perdi essa curiosidade. Passo longe de eventos assim.  Não gosto de ver a desgraça de ninguém. Não gosto de imaginar a dor da espera de quem não sabe que a pessoa esperada se viu desgraçado no acontecimento. 

E assim segui na faixa oposta, bem à esquerda, desinteressado do que se desenrolava na direita. 

Que arrependimento! 

Em que pese todo transtorno do trânsito, similar ao de uma desgraça, dessa vez o que parou o trânsito foi a estonteante beleza feminina. Mais, o conjunto da cena: Mônica Vitti dentro de uma Ferrari novinha em folha, sentada no banco do motorista, retocava a maquiagem olhando num espelhinho, ou celular, em suas mãos de esmaltes vermelhos. Cena de cinema. Daquelas que nos gritam valer a pena viver… 

Claro que não era Mônica Vitti, Jennifer Aniston, nem Júlia Roberts… Nem Anita Ekberg, Catherine Deneuve, Jayne Mansfield, Lauren Bacall… Nem Sandra Brea, Vera Fischer…

Não era nenhuma loira da minha infância.

Não era ninguém que eu conheço… 

Era uma mulher linda num carro do imaginário juvenil de qualquer menino…

Quando pensei em fotografar, o fluxo já tinha me enfiado na Pinheiros. Restou a cena em minha memória. E a certeza de que nem tudo o que parece… é. Parecia um acidente, mas era uma mulher linda, de parar o trânsito, como diz o ditado popular.

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