Dor embargada

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O Melado é da geração do começo dos anos 60, eu do final. Nos conhecemos na vizinhança da Vila Santana e convivemos um pouco nas quadras de tênis do Estrada. Da loja Toca, um super sucesso empresarial, ele foi por muitos anos para Ilha Grande numa vida bem perto da natureza.

O Melado voltou. Voltou como Mel já há alguns anos. Eu o encontro com frequência e, como diz seu nome sempre ele é um doce comigo (de batismo ele é Rogério). Carinhoso e afetivo.

Encontrei o Mel no início do show “Dá licença, Aldir!”, lançamento do trabalho que é CD, mas está em todas as plataformas que tocam músicas, ocorrido no palco interno do Sesc Sorocaba na noite de quinta-feira passada. Um tributo a Aldir Blanc, um dos maiores compositores da música popular brasileira.

No final do show, depois do bis, quando parte da platéia começava a sair e os músicos (um quinteto fantástico tendo entre eles dois amigos queridos João Bid e Robson Salvestrini) ainda estavam perfilados no palco, Mel deu um berro embargado. Gritou: Ei Bolsonaro… e houve um hiato grande até sair o complemento …Vai Tomar no Cu.

Então Mel explicou: Você matou Aldir, você matou um monte de gente… Dentro desse monte (são 682.560 brasileiros mortos) estão duas irmãs do Melado que eu conheci quando todos moravam na rua Rodrigues Alves. Todos vítimas da Covid19. Não é errado o protesto de Melado. O presidente primeiramente disse que a pandemia era uma gripezinha. Depois foi contra a vacina. Depois receitou vermífugo contra a doença. Depois foi contra as máscaras. Depois desdenhou das famílias. Foi irônico ao dizer que não era coveiro… Depois parei de prestar atenção nele e seus séquitos. Dei muita oportunidade pra essa gente se emendar. Mas não há empatia que resista a um presidente tão tosco e asqueroso.

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