Em decomposição 

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Percebo pequenas alterações em minha rotina nesta primeira quinzena de 2024 e o resultado delas tem sido assustador por um lado. Por outro, nem tanto.

Até dezembro, eu ia fazer ginástica vestido com a roupa de fazer exercícios e neste ano passei a ir com a roupa de trabalho. Ou seja, me troco no vestiário do clube e guardo a roupa no armário. Ocorre que em 15 dias, por duas vezes, fui pra casa com a roupa de ginástica. Só em casa descobri a chave do armário do clube no meu bolso e então me lembrei da roupa de trabalho esquecida no armário. Uma vez foi admissível, mas duas, não. 

Outra idiotice que me chateou foi eu ter cortado meu próprio dedo enquanto cortava legumes. Nunca entendi como alguém podia se cortar e sempre fui rígido com esse tipo de situação. Pois venho tentando entender o que fiz e me surpreendendo em identificar o instante que a lâmina entrou na minha carne no movimento de ida da faca e eu ter percebido o dano a ponto de não ter feito o de volta. Esse fato só não foi completamente desastroso em razão da rapidez com que o talho, que sangrou muito, se cicatrizou. Sinal de boa saúde. Acho!

Os pequenos desastres não param aí. Esta é a segunda versão deste texto porque a primeira eu simplesmente deletei involuntariamente sem tê-la salvo. Já escrevi um livro teclando no celular. Hoje prefiro escrever no celular ao notebook que já preferia ao computador. Nunca havia  feito tamanha burrada. Mas nesta quinzena de ano novo já fiz…

Mas nem tudo tem sido desastroso nesta quinzena. Pequenos problemas domésticos foram imediatamente resolvidos. Não houve procrastinação. Não houve preguiça. Não houve lamentação. Mas atitude. Um exemplo: precisava ir a São Paulo, o que faço corriqueiramente de carro. Mas estava sem automóvel. Então peguei um ônibus, da Cometa, e foi tudo bem. 

Bom… foi tudo bem. Mas, vejam só, fui de carona com uma amiga no carro dela até a rodoviária e… Sim. Tem um complemento. Eu esqueci meu celular dentro do carro dela. O que ia usar para o Uber na capital. É ou não idiotice?  

O bom é que usei metrô. Agora o bilhete não é mais um pequeno cartão de papelão, mas um papel como o das maquininhas de débito e crédito. Há um QR Code e o usuário aponta para o leitor na catraca. Eu não achava o leitor. O funcionário me ajudou e, em seguida, disse: Na próxima vez não precisa do bilhete. Eu: Não? Ele: O senhor não tem 60 anos. Eu: Não. Ele: Então vai, sim, precisar de bilhete. Não reclamei e fui andando e pensando o que fez com que aquele cara me achasse com muito mais idade do que tenho.

Uma vozinha interna fica insistentemente me dizendo que essas coisinhas estão além de idiotice. Apenas não tem sido clara e direta para me dizer o que é. E eu estou me recusando a achar que sei o que essa vozinha está dizendo. Estou em degeneração. Todos estamos em decomposição. Mas estou em degeneração acelerada? Mais do que o “normal”? 

O bom é que ando animado. Como há tempos não andava. Fazendo o que precisa ser feito e o que gosto de fazer. Isso é de muita relevância.

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