O que era perceptível, e vinha sendo denunciado sistematicamente por este blog e demais veículos de comunicação de Sorocaba, está oficializado pelo SIS (Síntese de Indicadores Sociais) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística): em apenas 1 ano, de 2016 para 2017, 2 milhões de brasileiros mergulharam abaixo da linha da pobreza, ou seja, pessoas cujo o rendimento é de até US$ 5,5 por dia, ou R$ 406 por mês. Em 2016, no Brasil, 25,7% da população estava nessa trágica situação e em 2017 subiu para 26,5%. Em números absolutos, esse contingente variou de 52,8 milhões para 54,8 milhões de pessoas, no período. Nessa mesma análise, a proporção de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos que viviam rendimentos de até US$ 5,5 por dia passou de 42,9% para 43,4%, no mesmo período.
Mas há situação pior: o contingente de pessoas com renda inferior a US$ 1,90 por dia (R$ 140 por mês), que estariam na extrema pobreza de acordo com a linha proposta pelo Banco Mundial, representava 6,6% da população do país em 2016, contra 7,4% em 2017. Em números absolutos, esse contingente aumentou de 13,5 milhões em 2016 para 15,2 milhões de pessoas em 2017.
E sabe quem a estatística oficial acha que está tudo bem? Os brasileiros cujo o rendimento médio mensal domiciliar per capita no país foi de R$ 1.511.
Os números seguem alarmantes: Em 2017, os trabalhadores brancos (R$ 2.615) ganhavam, em média, 72,5% mais que os pretos ou pardos (R$ 1.516) e os homens (R$ 2.261) recebiam 29,7% a mais que as mulheres (R$ 1.743). O rendimento-hora dos brancos superava o dos pretos ou pardos em todos os níveis de escolaridade, e a maior diferença estava no nível superior: R$ 31,9 por hora para os brancos contra R$ 22,3 por hora para pretos ou pardos.
Sorocaba aborda moradores de rua
Os dados do SIS do IBGE apenas ajudam a entender o aumento no número de pessoas nas esquinas das cidades. Em Sorocaba, por meio da chamada Operação Dignidade, trabalho realizado em conjunto pelas equipes das Secretarias de Igualdade e Assistência Social, de Segurança e Defesa Civil e da Saúde, com o apoio da Polícia Militar, da Polícia Civil, da Guarda Civil Municipal e do Serviço de Obras Sociais (que tem o objetivo de abordar, identificar, orientar e encaminhar as pessoas em situação de rua que vivem hoje em Sorocaba), há uma tentativa de amenizar essa situação, separando os que vivem nessa situação desgraçada, demonstrada pela estatística, de quem quer se aproveitar dessa confusão para levar alguma vantagem.
Problema de todos
O número de brasileiros que vivem em situação de pobreza, extrema pobreza ou com R$ 2 mil (o que é considerado boa renda segundo os técnicos oficiais) por mês é problema de todos. A maneira de resolver é via um governo eficiente e eficaz em suas ações de produção de riqueza (emprego com boa remuneração). Do contrário, ninguém vai seguir em paz seja por onde e para onde for. Essa consciência de que é bom que todos se dêem bem para que todos possam ter paz precisa ser apreendida por boa parte das pessoas que acham, mesmo que seja em seu íntimo, que basta uma “limpeza” do que está aos nossos olhos.
A foto que ilustra este post é um flagrante captado nas ruas de Sorocaba por Fábio Rogério, repórter fotográfico, e publicada em julho passado no jornal Cruzeiro do Sul.