“…Quanto mais amo a humanidade em geral, menos amo as pessoas em particular, como indivíduos…”
Essa fala é da personagem, uma mãe, viúva, durante sua conversa com o mestre Zózimo, um ancião no limite de suas forças que os crentes procuravam em busca de algum alívio para a alma. Essa fala faz parte do livro “Irmãos Karamázov” de Fiador Dostoiévsski, pág 73, editora Martin Claret, tradução de Herculano Villas-Boas.
Ao ler esse trecho, identifiquei que igualmente este é meu sentimento nos últimos tempos, em particular a cada momento que me deparo com pessoas fanáticas defendendo o atual presidente com mentiras.
Um desses momentos aconteceu na terça-feira nos comentários de uma postagem de Stela Cutner, pessoa que conheci quando ela era cuidadora do saudoso Zezo Lanaro. Apareceu em minha Linha do Tempo uma postagem de Stela (que eliminou seu face ou me cancelou dele, o fato é que não acho a referida postagem e nem também a sua página) com a foto de embalagens de óleo de soja Soya ao preço de 9,98 e o indicativo, irônico suponho, do dono do mercado onde estava essa gôndola alertando que eram no máximo 3 unidades por freguês. Stela disse que “não queria mais brincar de casinha”.
Eu, que raramente faço comentários, num impulso disse algo do tipo: e ainda tem gente que vai votar para a reeleição do presidente… Uma pessoa, em seguida, comentou no meu comentário dizendo que ela era uma dessas que vai votar pela reeleição e disse que “a culpa” do preço do óleo é de quem mandou fechar tudo na pandemia e depois a gente vê como fica a economia… Se estendeu, a partir daí, um bate-boca entre eu e essa moça. Se não estou enganado ela se chama Vladia. Quando eu disse que ela apenas fazia muuuuu, ela se ofendeu. Foi o que ela me disse. Mas o fiz pra ver se ela se via, não pra ofender. Não houve avanços e nossa troca de ofensas não passou disso, troca de ofensas. É uma eleitora fanática. Não houve um argumento racional por parte dela.
Na tarde de ontem, na academia, quando eu estava no fim de minha série, caminhando na esteira, o professor se aproximou e perguntou, em tom de deboche, o que era isso na minha cara. Eu, entrando no clima dele, falei o que? Ele então foi incisivo: para que você está com essa máscara? Eu respondi o óbvio, que era uma proteção. E ele disse que a máscara só fazia mal, não protege nada e ele já teve três vezes Covid… e saiu andando. Eu havia reparado que, quando era obrigatório o uso da máscara, ele não cobria o seu nariz.
A isso tudo se soma o que nos vem sendo revelado, como o Quilo de Ouro, por exemplo. Parece que passamos de patamar, ou seja, saímos do choque das falas insanas do presidente para a indignação com os atos ocorrendo dentro do seu governo, embaixo do seu nariz.
Como amar essa gente! O referido livro “Irmãos Karamázov” de Dostoiévsski, é de 1880 (que busquei para fazer uma releitura por causa de nosso tempo de guerra e cancelamento de escritores russos).
1880!
São 142 anos depois.
E o sentimento pela humanidade é o mesmo: de incômodo, decepção e tristeza
Eu sei que a missão de ser humano é a mesma: Amar. Eu não consigo, confesso! Eis meu pecado. Não se trata de ideologia. Mas de quem intenciona votar em quem não respeita às diferenças e atribui certezas, muitas delas mentirosas, aos que não são como eles.
A foto que ilustra essa postagem não é a mesma usada por Stela, que cito no texto.