Quando você está ocupado falando no jornal da rádio sobre o governo, o governante, os candidatos, as eleições… todo mundo consegue entender a sua ocupação. É um tipo de ofício que desperta ódio e paixão.
Mas quando você está ocupado escrevendo num blog como este ou fazendo assessoria para alguma empresa ou instituição as pessoas fazem com que eu me sinta em um estado de inação, então, me sinto constrangido tendo de explicar o que está acontecendo.
Tenho passado frequentemente por isso.
Na tarde de ontem, quarta-feira, na fila de frios do Tauste da avenida General Carneiro vivi isso novamente.
Um homem, de modo bem direto, me perguntou: Você não é o D da Questão da rádio? Eu confirmei. Então ele me intimou: Onde você está rapaz? Eu falei. Ele fez cara de quem não entendeu nada e disse: Você tem que voltar lá. Eu expliquei que não dependia de mim, que a rádio havia mudado, inclusive de nome… Ele me interrompeu com impaciência: Eu sei, eu sei… e saiu caminhando e falando: Você precisa falar, aqui as pessoas não gostam de ler.
É como se ele dissesse a um médico que aqui as pessoas procuram a benzedeira; a um arquiteto, aqui preferem o pedreiro; ao jornalista, aqui a vizinha (redes nos computadores) nos conta tudo…
No que diz respeito ao médico e também ao arquiteto meu neologismo não serve. Há muito tempo as pessoas vão ao médico e reclamam quando não tem um. O povo quer médico e consegue. Com os arquitetos isso vem num crescendo também. Talvez seja a hora dos jornalistas fazerem o mesmo.
O que o homem me disse, na verdade ele diz a todos jornalistas. É um pedido, tipo ocupem seus lugares. Talvez seja hora de superar a autopiedade e assumir que jornalistas fazem jornalismo. Qualquer outro, entretenimento.