“Hotéis”, romance do boliviano Maximiliano Barrientos, faz parte da coleção de literatura latino-americana “Otra Língua”, organizada por Joca Reiners Terron.
O romance não tem a linearidade de uma história de começo, meio e fim. Parece mais um quadro em palavras como se fosse possível a linguagem visual, portanto icônica, ser também do código verbal.
O leitor acompanha a aventura de Tero e Abigail, dois ex-atores de filmes pornô que se conheceram em cena, e Andréa, a filha de Abigail.
Eles estão num carro sem destino. Não é à toa essa classificação. O livro remete o aficionado por cinema aos filmes road movie, inventado pela indústria cinematográfica dos Estados Unidos. Além de imagens de “Sem Destino”, também me ocorreram cenas de “Bagdá Café” e “Paris, Texas”.
O leitor, em meio ao minimalismo descritivo das imagens que compõem o livro, acompanha os sonhos, frustrações e satisfações das três personagens.
Quando o dinheiro acaba, o equilíbrio da relação se despedaça.
É um pequeno livro, de apenas 120 páginas, mas nem por isso fácil de ler especialmente quando se busca um sentido cartesiano entre os capítulos.
O leitor desavisado, certamente, desiste logo de seguir a leitura. É preciso gostar das sensações que cada personagem desperta para ir ao próximo hotel.
Não é dos meus livros preferidos, mas está longe de ser um que faria o sacrilégio de deixar a leitura no meio do caminho. Além do fato de ser o segundo autor boliviano que leio. O que não é pouco.