O início do ano letivo na rede municipal de ensino para as 53 mil crianças matriculadas nas 151 unidades da cidade começou com uma novidade: os livros didáticos do Sistema de Ensino do Sesi.
A mudança do material didático foi um desejo do prefeito Crespo e ele celebrou essa mudança como uma conquista boa para a qualidade do ensino oferecida aos privilegiados que conseguem uma vaga na rede. A quem não consegue, resta se matricular na rede estadual ou, claro, pagar na particular.
Mas, existem dois outros lados nessa história. Um deles, dos alunos e seus pais ou responsáveis, que ainda não se manifestaram e outro, tão importante quanto, que são os professores e pedagogos desses alunos.
Em um documento chamado de “Carta Aberta à População”, a Associação dos Professores da Rede Municipal de Sorocaba, faz uma série de considerações a respeito dessa mudança e são claros em afirmar: “o descontentamento dos docentes não é com o Sistema Sesi, e sim, o modo como o mesmo acabou sendo implantado na rede pública municipal, pois o que pode ser bom para a rede Sesi, pode não ser para a rede de ensino municipal, uma vez que as condições, em todos os sentidos, são muito diferentes e a municipalidade não tem feito nada para mudar essa realidade, que com certeza não será por meio do apostilamento, desacompanhado de outros inúmeros recursos que irá fazer a diferença!”
Evidentemente, e essa Carta Aberta deixa isso claro (leia a íntegra a seguir), há a necessidade da Prefeitura de Sorocaba, ou o secretário de Educação, André Gomes, explicar à sociedade se a mudança de uma metodologia gratuita (oferecida pelo governo federal) por outra que é paga, a de Apostilamento comprada do Sesi, se trata unicamente de uma vaidade pessoal do prefeito Crespo. Mais uma explicação: as aulas por Apostilamento são absolutamente diferentes daquelas preparadas pelos professores a partir de material oferecido pelo governo federal, ou seja, o apostilamento tira autonomia do professor e isso significa mais tempo para ele se dedicar a outras tarefas. Por fim: quanto de razão há na fala da Associação dos Professores da Rede Municipal de Sorocaba que afirmam “nunca terem sido consultados, ouvidos ou participado de qualquer discussão.” O diálogo entre as instâncias hierárquicas é o mínimo a ser feito quando se deseja a mudança de qualquer cultura corporativa.
Como disse, com a palavra a prefeitura ou o secretário.
Leia a íntegra da Carta Aberta
Na data de ontem, 04/02/2019, em formação dada pela Prefeitura Municipal de Sorocaba, para uso do chamado “APOSTILAMENTO DO SESI”, os professores da Rede Municipal de Ensino compareceram vestidos de preto, conforme veiculado nos jornais e mídia.
No entanto é necessário esclarecer que, tal conduta é fruto do descontentamento dos docentes, por nunca terem sido consultados, ouvidos ou participado de qualquer discussão, que pudesse levar ao entendimento de que o apostilamento do SESI, é o ideal para a educação em nossa cidade.
Importante esclarecer que para que houvesse a implantação desse sistema, a Prefeitura de Sorocaba, abriu mão do Sistema de ensino oferecido pelo Governo Federal, gratuitamente, o PNLD ( Programa Nacional do Livro Didático).
Enquanto o PNLD é oferecido aos municípios gratuitamente, o Sistema de apostilamento do Sesi custará aos cofres públicos a bagatela de 8 milhões de reais!
É de suma importância salientar que não foram realizados diálogos com os docentes da rede de ensino, ou seja, não foram consultados os profissionais de linha de frente da educação que têm a capacidade para escolher quais materiais melhor atendem os alunos para os quais lecionam.
Ademais, todos os anos, são esses profissionais da educação que escolhem o material do PNLD, e também deveriam ser consultados para que o sistema de apostilamento SESI fosse adotado, em razão das suas capacidades profissionais, a fim de melhor atender os alunos.
O projeto de apostilamento do SESI, foi escolhido de forma unilateral, sem ouvir os docentes e profissionais da área de educação, sem dar prévio conhecimento do impacto financeiro pelo alto investimento, ainda mais quando a prefeitura alega estar no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Ainda, não podemos comparar a realidade de nossas escolas públicas com a realidade das escolas do Sistema Sesi, uma vez que, são totalmente diferentes, pois falta nas escolas públicas, mão de obra, materiais didáticos, manutenção nos prédios, problemas com merenda escolar, além da superlotação nas salas de aula.
Portanto, o descontentamento dos docentes não é com o Sistema SESI, e sim, o modo como o mesmo acabou sendo implantado na rede pública municipal, pois o que pode ser bom para a rede SESI, pode não ser para a rede de ensino municipal, uma vez que as condições, em todos os sentidos, são muito diferentes e a municipalidade não tem feito nada para mudar essa realidade, que com certeza não será por meio do apostilamento, desacompanhado de outros inúmeros recursos que irá fazer a diferença!
Aos docentes só resta continuar realizando o excelente trabalho, com zelo e dedicação junto aos alunos, assim como o faziam com o PNLD, a fim de dar sentido a esse gasto desnecessário, fazendo o melhor uso possível do material SESI, como forma de não desperdiçar o dinheiro dos contribuintes sorocabanos, pois para os docentes, independente de apostilamento SESI ou o PNLD, firmam o compromisso com o aprendizado dos alunos da nossa rede, ser esse o objetivo mais importante a ser alcançado!
DIRETORIA ASPAMS