Ganhei na loteria

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Eu estava me sentindo na onda da sorte nos últimos dias, contrariando o tal do movimento do Planeta Mercúrio que mereceu reportagem em um site “sério” de “notícias”.

Eu estava certo sobre este sentimento e tive a certeza dele na tarde de hoje quando fazia hora na avenida 31 de Março, em Votorantim. Entrei na lotérica e a moça do caixa, antes de fazer meus novos jogos, me disse sobre os que apostei na semana passada: O senhor ganhou na Lotofácil.

Antes que eu pudesse me expressar ela se adiantou em dizer que não foi muito. Eu disse: É? Doze reais, ela falou com uma voz que eu poderia jurar era a de alguém que segurava a risada. Só fui capaz de me expressar com um: Hummmmm. 

Deve ter algum sentido ganhar um prêmio desses. Tipo confirmar que eu sou aquela espécie de sortudo azarado. Ganho, mas nada significativo. 

Me senti tão imbecil como aquele sujeito que compra um produto pela Internet para aumentar o pênis e quando o pacote chega em sua casa ele se surpreende ao abrir a caixa e encontrar dentro dela uma lupa.

Saí da lotérica disposto a torrar meu prêmio e assim fiz na sorveteira ao lado e tomei um leite batido (Milk Shake, segundo o cardápio) de 400 ml sabor abacaxi com caramelo que custava R$ 12,90. Sim, o prêmio não era suficiente para o pagamento então desembolsei 90 centavos o que é pouco perto do preço total. Ou seja, sou um cara de sorte.

A cena parece bucólica, né! Sorvete, final de tarde, sol se pondo atrás da Serra de São Francisco… Como um sujeito de sorte, foi assim que vi onde eu estava naquele momento em que fazia hora.

Mesas de plástico, melecadas. Eu precisei me equilibrar na cadeira para me certificar que suas pernas não cederiam e me levariam ao chão.

Estivesse no café São Marcos, em Trieste, e não haveria tal preocupação, pois lá a mesa é de mármore e sustentada por pés de ferro fundido trabalhado por algum artesão.

Aqui é o mundo da China. Novo mundo da China! Tudo feito em série. Tudo feito e embalado em plástico. Nem sou capaz de dizer se meu leite batido também não era de plástico. Da fruta abacaxi, estou certo, não era. Seguramente alguma essência.

Quem sabe na próxima vez que eu ganhar na loteria não seja o suficiente pra eu deixar essa estética manufaturada para trás. Quem sabe!

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