Homem contaminado

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“Não vou assistir mais nenhuma entrevista. No dia seguinte, vem (sic) as informações e comentários. Não vou dar ibope pra Globolixo!”

Incrédulo me deparei com essa postagem do advogado Ézio Vestina Júnior em minha linha do tempo nesta quarta-feira. Ele se refere à sua insatisfação com o resultado da entrevista de Bolsonaro ao Jornal Nacional de segunda-feira.

Ézio Júnior foi, por anos, comentarista do extinto jornal da rádio Cacique que tinha o comando de Oliveira Júnior. 

Uma situação é ele entender que a continuidade do atual governo seja boa. Outra é a compreensão do que está por trás dessa “opção” dele, pois não se trata de não gostar do Lula, Ciro, Simone, Felipe… mas dele gostar, se identificar, com o atual presidente. 

Esse post de Ézio Vestina Júnior resume a essência do fascismo. É só disso que trata essa postagem dele.

Talvez pela relevância, gravidade e poder revelador dessa postagem, ao contrário de tantas outras vezes, nesta aqui não controlei meu ímpeto e lhe respondi com ironia: “Isso… Não assista. Não leia. Não ouça… Deixe que o n° 3 mande o que você deve papagaear. A que ponto chegamos! No outro dia tem o comentário… Você percebeu que isso é renunciar à sua inata capacidade de pensar. Você e todos abandonaram o bom senso. Estão cegos e burros”.

Então, Ézio Júnior me rebateu: “…Eu não preciso ler jornais. Mentir sozinho eu sou capaz!…”

Essa postagem revela 1) a negação do direito inalienável de ser livre, 2) a negação das instituições que não dizem o que ele quer ouvir e 3) se ver no direito de mentir. 

Eu nunca tive dúvida, mas este post do Ézio Júnior deixa evidente que muitos eleitores não enxergam que o legado que está em questão nessa eleição é a democracia contra o fascismo.

E o que isso significa? 

Significa que nas suas imperfeições a democracia é um convite diário ao cidadão para ele manifestar sua vontade, sua visão de mundo, seu sonho… enfim… a democracia é a garantia de que a natureza humana (os impulsos de cada ser) seja preservada de modo que a cada pessoa siga sendo humana.

No fascismo, modelos são impostos ao cidadão de modo a impedir que ele pense, aja, sonhe, deseje…Cabe ao cidadão sob o fascismo cumprir o que os ideólogos desse regime tramam e fazem chegar ao cidadão por instrumentos manejados pelo Estado e Igreja.

Enquanto na democracia a sociedade se entende imperfeita e busca uma construção de bem-estar econômico, social, espiritual, mental de cada cidadão, no fascismo se propaga a ideia de que esse modelo é perfeito, único e deve combater, no sentido literal de guerra, quem seja contrário a ele.

E o post do Ézio Vestina Júnior é a prova de que o fascismo está bem vivo e avançando no Brasil.  Triste! O jeito é combater seu avanço. Nos contaminados, não vejo solução de remediar.

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