Horror da morte de um cachorro não pode significar mais dor ao brasileiro

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Um grupo de ativistas pelos direitos dos animais vem sistematicamente nas duas últimas semanas realizando protestos dentro do Carrefour de Osasco pela morte de um cachorro, dentro do estabelecimento, que foi assassinado a pauladas por um segurança do local. O caso ganhou o noticiário nacional e já provoca repercussão internacional.

De acordo com os ativistas, o cachorro havia sido abandonado no estacionamento do Carrefour Osasco cerca de uma semana antes de ser morto. Alguns funcionários da rede e de lojas que ficam no centro de compras vinham alimentando o animal. Até que um segurança da rede o agrediu até que as patas quebrassem. Com o cão sangrando, rastejando e bastante fragilizado, a Zoonoses de Osasco foi chamada. Representantes da loja teriam dito que o animal havia sido atropelado ali próximo, na avenida dos Autonomistas, versão contestada por testemunhas. O cachorro foi socorrido pela zoonoses, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

Um inquérito policial apura se o cachorro também foi envenenado e se o segurança que o matou cumpria ordens da chefia, como acusam ativistas, ou agiu por conta própria. O delegado Bruno Lima disse que “acompanha de perto até que esse crime seja solucionado. Temos algumas testemunhas que confirmam o ato cruel e que identificaram o autor do crime. Infelizmente a dor que o animal sofreu não temos como apagar e também a sua vida trazer de volta, mas seremos sua voz e lutaremos em seu nome”.

Cachorro x pessoas

O Carrefour registrou prejuízo de 531 milhões de euros no ano de 2017, uma reversão em relação ao lucro líquido de 746 milhões de euros em 2016.

Agora, neste final de 2018, com essa tragédia do cachorro morto por um segurança, especialistas indicam que o prejuízo no Brasil poderá ser maior. E a pregação para que haja um boicote ao Carrefour é crescente. O objetivo não é atingir a loja de Osasco e muito menos o segurança (que até prove o contrário agiu de acordo com sua consciência e não orientado pelo Carrefour), mas a rede como um todo.

O boicote tem sido um dos instrumentos mais eficientes e eficazes dos consumidores contra estabelecimentos que não atendam às suas expectativas. Há casos bem-sucedidos em que o boicote levou esses empreendimentos à falência. Em economias consolidadas, como a dos Estados Unidos, por exemplo, o grande beneficiado é a sociedade. Mas num Brasil como o nosso pode-se dizer o mesmo? Obviamente que não. Digamos que o consumidor, acompanhando os ativistas, de fato deixem de consumir no Carrefour. A óbvia conclusão é que apenas aumentará o número de desempregados, ou seja, vai engrossar a lista de 14 milhões de brasileiros que desgraçadamente estão conseguindo apenas subsistir.

O horror cometido contra um cachorro dentro de uma loja do Carrefour não pode, portanto, significar mais horror e dor ao brasileiro que, num eventual fechamento da loja, perderia o seu emprego. Isso, obviamente, não quer dizer que não se deva se horrorizar, protestar e exigir uma nova postura do Carrefour que, aliás, teve uma atitude profissional diante do caso, conforme a nota pública deles que pode ser lida nessa postagem.

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