Circula nas redes sociais, em particular em contas do Facebook e WhattsApp, um vídeo amador no qual Damares Alves, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos do governo Bolsonaro, onde ela afirma que está inaugurada uma nova era no país, em que “menino veste azul e menina veste rosa”. As imagens foram feitas na quarta-feira, 2, dia da cerimônia de transmissão de cargo na qual Damares assumiu a pasta. Ela pula e entoa a expressão “menino veste azul e menina veste rosa” como se fosse a comemoração de um gol em final de campeonato.
E essa expressão ganhou o Brasil em pouco tempo. A mesma lengalenga: Os contrários a essa divisão de gênero em crianças esperneando e os favoráveis defendendo. Famosos homens aparecem de rosa e famosas mulher de azul e dão mais valor a essa discussão.
Para a sociedade, se tem um mérito essa afirmação de Damares é ela evidenciar o que já havia sido evidenciado e explicitado na campanha: o governo Bolsonaro vai (como pode) combater costumes que, na visão dele e seus eleitores, merecem ser combatidos até que o Brasil volte a ter valores sociais mais conservadores.
Para o governo, porém, essa afirmação de Damares tem um verdadeiro poder ilusionista. Sabe o que faz o mágico? (Quem nunca viu um show de mágica precisa ver) Ele chama a atenção do seu público para uma de suas mãos, de modo que o espectador se vê concentrado naquilo que o mágico lhe chama a atenção, e com a outra “faz a mágica”, ou seja, faz acontecer o que ele quer que seu público acredite.
A fala de Damares é claramente uma mão do governo Bolsonaro. Todos passaram a quarta, quinta e sexta-feira falando ou fazendo piadas sobre a essa afirmação de Damares de que “menino veste azul e menina veste rosa”. Nas redes sociais e nas mídias convencionais só se fala disso. Mas, pergunto, e a outra mão do governo Bolsonaro? Ela está fazendo Rodrigo Maia presidente da Câmara para fazer valer a Reforma da Previdência, por exemplo. Mas qual? A do superministro da Economia, Paulo Guedes, que quer o brasileiro se aposentando com trocentos anos de idade ou a do presidente Bolsonaro que quer a mulher se aposentado com 57 anos e homens com 62? Quem manda nesse caso? O chefe do superministro, que recebeu os votos, ou o superministro que quer resolver os números da economia e não a vida em carne e osso dos brasileiros?