Maria Cecília Ferro, patologista e professora da Faculdade de Medicina de Sorocaba, morreu na madrugada desta quinta-feira (13/12), em Sorocaba, o seu velório aconteceu na Biblioteca da faculdade e seu corpo foi cremado há instantes no Memorial Park.
Ela morreu do jeito que viveu: disciplinada. Trabalhou normalmente no dia da sua morte; não comprometeu nenhum aluno – deixando suas responsabilidades acadêmicas em ordem na secretaria da faculdade – e focada na sua missão de formar médicos comprometidos com sua formação na busca de devolver a saúde aos seus pacientes.
Gustavo Hortelan esteve com Maria Cecília nos corredores da Faculdade de Medicina no dia de sua morte e faz um relato bastante preciso para que Sorocaba entenda a profissional que partiu: a encontrei no corredor, perguntei como estava, nos desejamos bom final de ano e, sem saber, estava me despedindo… Fica a sabedoria de uma mente brilhante, vigorosa e de um coração generoso que lutava em um corpo frágil e vulnerável! Fica a lembrança de nossa última tutoria onde ela se disse triste por não querer se despedir da gente e pediu: “Prometam uma coisa pra mim: Que serão pessoas honestas, honrosas, que tirarão algumas horas dos seus dias para estudar e que jamais trabalharão em um lugar que não respeitem”!
Janaína Margutti dos Santos Maschion, que teve o privilégio de conviver com Maria Cecília também é precisa em explicar o que significa essa morte: “Hoje o mundo perde uma grande mulher! Não é qualquer um que podemos chamar de mestre! Ela foi uma grande mestra!! Dedicou sua vida à medicina e na formação de várias gerações de médicos! Tive o prazer de ser sua aluna e companheira para melhoria da nossa Med Soroca! Sua suposta fragilidade física nunca foi condizente com sua grandeza de caráter, profissional e humana! Quebrou muitos paradigmas!”
Maria Cecília Ferro nasceu em Rio Preto, foi criada em Londrina (PR) e chegou em Sorocaba para cursar a Faculdade de Medicina da PUC-SP, pela qual se formou em 1971, onde fez seu mestrado e doutorado. Sempre atuou como patologista na cidade, onde também ocupou a diretoria do CHS (Conjunto Hospitalar de Sorocaba).
A direção da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (PUC Sorocaba) publicou nota de pesar pela morte de Maria Cecília ressaltando que “apesar da saúde delicada, era uma pessoa de extremo vigor e disposição às tarefas acadêmicas e profissionais, detentora de uma inteligência elevadíssima e muito pragmática. Até o dia anterior à sua morte, trabalhou normalmente”.
Professora-titular do Departamento de Morfologia e Patologia da FCMS, ela esteve à frente de muitas pesquisas, sobretudo em linhas envolvendo câncer e educação médica. Era uma das figuras mais ativas da faculdade, da qual também foi vice-diretora no início dos anos 2000. Atualmente, compunha o Núcleo Docente Estruturante (espaço no qual são discutidas as questões estruturais dos cursos) e, desde 2001, presidia o Grupo de Trabalho dos Laboratórios.
“Maria Cecília era muito querida por todos. Ex-aluna e professora-titular desta casa, ela edificou seu nome pela retidão de caráter, pela excelência acadêmica e pelo bom convívio com as pessoas. Deixa muitos amigos, entre colegas, alunos e ex-alunos. Perdemos uma pessoa extremamente proba”, diz o professor-doutor Luiz Ferraz de Sampaio Neto, diretor da FCMS.
“Ela dedicou sua vida de modo intenso e integral a esta faculdade, pela qual era apaixonada. É uma perda irreparável”, diz Cibele Isaac Saad Rodrigues, ex-diretora da FCMS e atual coordenadora acadêmica do Hospital Santa Lucinda.
Em 2004, Maria Cecília recebeu o título de Cidadã Sorocabana; em 2014, foi homenageada pela Associação Paulista de Medicina e Sociedade Médica de Sorocaba e, em inúmeras formaturas da Faculdade de Medicina, foi uma das homenageadas pelos formandos.