(Aviso: Este texto possui palavrões)
O presidente Lula declarou que quando esteve preso na Polícia Federal em Curitiba sempre que recebia visitas e estas perguntavam se ele “estava bem”, ele respondia: “Só vou ficar bem quando eu foder com o Moro”.
A declaração foi dada na terça-feira passada em entrevista ao portal Brasil 247, no Palácio do Planalto.
Desde então as pessoas anti e pró Lula travam uma guerra de narrativas. Os contra Lula dizem, em resumo: Trata-se de um governo que deseja vingança e mimini afora.
Legítimo que cada um pense o que quiser sobre essa fala. A opinião de cada um revela muito mais sobre quem a emite do que sobre Lula.
O que é difícil de tolerar, ao menos pra mim, é ouvir que Lula falou demais, foi ingênuo ou se pronunciou pelo impacto da emoção.
Os apoiadores de Lula argumentam: O presidente chorou ao lembrar aquele período… e outros mimimis.
Lula não é ingênuo, fala (em entrevista, em público, em privado, gravado, ao vivo, em rede nacional, em corredores…) há 50 anos ou mais e como poucos antevê a consequência de cada ação sua.
Seria estranho se Lula dissesse que compreendia o que Moro fez ou lhe admirava. Minha interpretação, certamente, seria de que Lula estava sendo demagogo.
Só “santo” perdoa seu algoz. O último homem público a fazer isso foi o papa João Paulo 2° com o turco que lhe deu tiro.
Lula ao externar que queria foder seu agressor se aproxima da vida terrena sem deixar escapar os argumentos dos pró-Lula de que ele é sim “santo” na medida que seu governo protegeu Moro de atentado, pois a sua fala “coincidentemente” se tornou pública dois dias antes da Polícia Federal revelar que está protegendo Moro de um atentado organizado pelo PCC há dois meses.
Nada sai por acaso da boca de quem dá entrevista há cinco décadas.
Lula quis dar elementos para esse embate entre os que votaram nele e os que votaram em Bolsonaro porque sabe que sairá vencedor.
Lula acredita neste raciocínio: Olha, ele é igual nós, quer foder quem é filho da puta com a gente, mas respeita a lei. Não abusa do poder. Ao contrário, mesmo contra o maior filho da puta o que prevalece é o respeito às instituições (o que Bolsonaro não fez em 4 anos) e a legislação (o que Bolsonaro ameaçou não fazer).
Lula está se lixando a quem é bolsonarista, ele conta com a fé que os lulopetistas depositam nele (mesmo muitos achando que ele deveria ignorar Moro e não se rebaixar ao seu nível) e fala para agradar quem não é nem L e nem B, mas define sua popularidade agora e uma eventual reeleição.
Aposto tudo que tenho em minha conta bancária de que Lula vai se sair bem dessa. Ele sempre sai. Como saiu ao voltar à presidência depois de ter ofertado a Bolsonaro a eleição de 2018.