Minha filha manda a foto que ilustra esta postagem de dentro do Uber que leva ela até o seu destino.
Ela fica nervosa com o grosseiro erro gramatical. Simultaneamente, ela e eu temos o mesmo instinto: colocar, à caneta, um C sobre o S.
Meu primeiro pensamento foi: coitado ele NÃO foi à escola. Mas, de imediato, me corrijo: Coitado, ele FOI para a escola.
O regime militar destruiu a educação no Brasil. E o método usado para isso fica evidente no romance “A Noite da Espera” de Milton Hatoum. Nele, um adolescente paulista se muda para Brasília e nós, leitores, mergulhamos em sua memória para conhecer como o golpe se consolida sob a mão-de-ferro de Médici, uma memória que rebomba com força nos dias atuais.
Destruição na educação que os longos anos de PT e PSDB, que Lula, Dilma e FHC, nunca viram como prioridade. O PT focou no ensino superior criando um dos grandes negócios comerciais desse país. O Ensino Fundamental, aquele que é a base de sustentação do conhecimento, segue sendo negligenciado. O que significa que o cidadão segue à mercê da manipulação de onde quer que ela venha, especialmente das redes sociais.
Com Bolsonaro piorou. Em três anos, quatro ministros da Educação sendo o último, pastor da igreja evangélica, flagrado no “amémsalão” com propina em barra de ouro.
Eu sinto ver uma pessoa, como o motorista do Uber em questão, não saber a grafia correta do cinto de segurança. E queria muito, tenho essa esperança, que esse motorista tenha colocado a placa com aviso pensando no bem-estar dos seus passageiros (o que significa sua capacidade de pensar no coletivo) e não apenas cumprindo uma ordem, da lei de trânsito, que seria ele estar pensando apenas nele. Mas é uma esperança vã. Nos últimos 60 anos estamos sendo educados a obedecer e não pensar.
Sinto, ao ver a campanha eleitoral em curso, que os candidatos falem a mesma ladainha milagreira e mentirosa, fugindo do necessário debate sobre a educação de base.
PS – Sim, eu sei que o Ensino Fundamental é responsabilidade dos estados e municípios, mas a diretriz geral é uma só e parte do chefe da federação. Nada exime a responsabilidade dos presidentes que sucederam o regime militar em não corrigir o que foi destruído.