Jonh Boyne, nascido em 1971, é dos escritores atuais que justificam a tradição de excelentes contadores de história da Grã-Bretanha. No caso, ele é irlandês. É o mesmo autor de “O Menino do Pijama Listrado” que vendeu milhões de cópias em todo o mundo. Livro que não li.
Mas acabo de ler “O Pacifista”, de 2011 e lançado no Brasil em 2012. Esses 13 anos de “atraso” não mudam em absolutamente nada a obra e a percepção que se tem dela. Ao contrário, talvez.
Não é o enredo ou argumento o que há de melhor no livro, embora ambos sejam muito bons: Apenas um dos vinte jovens de um regimento que vão defender a Inglaterra na 1° Guerra Mundial nas trincheiras da França contra a Alemanha retorna pra casa. E se torna um escritor de sucesso, famoso e laureado por um grande prêmio quando já passou dos 80 anos de idade. Esse jovem sobrevivente retorna da França com um maço de cartas que haviam sido escritas para seu melhor amigo, pela irmã, ao longo do período do treinamento ao combate. Esse amigo, então, se vê impelido a devolver esse maço de cartas a quem havia escrito. O livro é o que envolve este encontro desde o instante em que ele se prepara para deixar Londres para ver a irmã do amigo no interior até seu retorno no dia seguinte.
Como um habilidoso arquiteto, Boyle projeta cada frase, até mesmo palavra, de maneira a amarra-los numa estrutura sólida, como existe numa casa, capaz de resistir ao tempo e todas as suas intempéries. São 285 páginas lidas prazerosamente.
O Traidor, O Covarde, O Mentiroso, O Gay… Todos estes títulos, seguramente, dizem mais respeito ao livro do que O Pacifista, muito embora este tema esteja presente em toda narrativa. Mas, penso eu, qualquer outro título seria uma espécie spolier da história.
Como disse no começo, a grandeza deste livro, pra mim, meu gosto, diz respeito à capacidade genial da história ser contada. É absolutamente rara tamanha habilidade. Aliás, como qualquer romance que vale a pena, o que menos importa é a história. Gostei muito de ter lido.