O que há por trás da desfiliação de Manu

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Emanuela Barros, presidente do Conselho Municipal de Defesa da Mulher, cargo que ocupa após ter sido eleita, não escolhida por alguma autoridade, teve excelente votação (mais de 3,3 mil votos) no último pleito para o cargo de vereadora pelo PSOL, mas não foi eleita, pois sua colega de chapa, Fernanda Garcia, teve mais votos que ela.

Passados dois anos, quando se imaginava que ela seria candidata a deputada estadual e Raul Marcelo, três vezes derrotado para prefeito e três vezes eleito deputado estadual, se candidataria a federal, somando esforços para eleger Boulos, o líder nacional da legenda, ele novamente optou pelo conforto de buscar uma vaga a estadual.

Essa decisão de Raul foi a gota que faltava para Manu tomar a decisão de deixar a legenda. Essa decisão foi anunciada ontem, apenas 10 dias após fechada a janela de transferência partidária, ficando ela impossibilitada de disputar a eleição de outubro próximo.

Por quê?

O que há por trás dessa decisão?

Primeiramente há o anseio de romper com o modelo que privilegia o cacique de um partido. Raul Marcelo deixou o PT porque não tinha espaço nessa legenda para crescer e “montou” o PSOL para si.

PT e PSOL e todos os partidos, de direita ou não, são assim. Quem chega e se dá bem, como Manu e seus 3,5 mil votos, assusta. Então os caciques se fecham em torno de si, limitando o espaço de quem eles entendem que sejam ameaça à continuidade deles.

Manu, ao sair pela porta da frente, de cabeça erguida, sem fazer acusações, dá um tapa com luva de pelica em quem faz vista grossa à essa realidade.

E mais, Manu segue com sua militância. Militância de duas décadas no Conselho da Mulher. Sem estar filiada a algum partido, Manu derruba a tese daqueles que dizem que sua luta é um caminho para obter votos. O caso da bala de fuzil no armário doado ao Conselho pela Prefeitura, que nenhum ou muito pouco apoio recebeu do agora seu ex-partido, segue sem solução.

Sem partido, Manu ficou livre para apoiar candidaturas de mulheres (ficando no PSOL estaria obrigada a pedir votos para Raul). A candidatura da jovem Miriam Algarra no PT, que aos 24 anos, em 2020, obteve 923 votos para vereadora, é uma possibilidade. A contragosto dos caciques locais do partido, Miriam conseguiu  no diretório estadual o direito de se candidatar. Miriam luta contra o sistema e deverá ter amparo de Manu. Mas não é só ela. Sem partido, como presidente do Conselho da Mulher, Manu está livre para incentivar candidatas a ocupar seu espaço de fala, voto e militância. Certamente outras candidatas terão apoio de Manu, especialmente as que são sufocadas dentro de seus partidos.

Na foto, de sábado passado, Manu está com Miriam Algarra e Lourdes Liége, que foi candidata a vereadora pelo PT em 2020.

PS – Esta postagem teve corrigidas as informações sobre o número de votos de Manu e Miriam, a idade da Miriam e a data da eleição que Lourdes concorreu.

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