No lusco-fusco de quinta-feira passada, quando o termômetro do carro começou baixar depois de ter registrado a temperatura de 34° no meio da tarde, uma revoada de insetos brilhava sob a luz dos postes e luminárias.
Ainda não estavam na quantidade que se vê no verão e nunca, embora ache nunca muito tempo, mais será como um dia foi, nos anos 70, na Vila Santana.
Os pesticidas no campo e o campo cada vez mais distante da cidade colocaram fim à diversidade de insetos e, por consequência, em sua quantidade.
Mas os insetos estavam ali, na lâmpada, a nos dizer: O tempo passa…
Esse era um dos bordões do saudoso Fiore Gigliotti, um dos craques da narração de jogo de futebol no rádio. Era torturante saber que o jogo se dirigia ao final independentemente do resultado, se seu time estivesse ganhando ou perdendo. Isso se tornava detalhe diante do fato que o tempo passa.
Amigos inundaram a rede social com fotos de ipês que tiraram nas ruas por onde passaram na semana passada. Amarelos e rosas.
Assim como os insetos, é a natureza nos informando: o tempo passa. É a primavera se manifestando, embora o “inverno” ainda não tenha terminado no calendário.
O tempo passa e nada do que está sendo feito breca isso. Nem uma tinta no cabelo branco. Nem uma esticada na pele. Nem qualquer outro procedimento estético feito nos salões de “beleza” ou clínicas de cirurgia plástica onde toneladas de dinheiro estão sendo despejadas diariamente.
Nada pára o tempo. Nunca parou.
Viver é o que cabe a cada um. Fazer o que gosta. Fazer o necessário.
Poderia ter sido tudo diferente, mas não é e vivemos na sociedade que aí está: de produção e acúmulo. Uma hora (pois o tempo tem sempre um dia, um dia que muda o tempo e um tempo novo se inicia) a entropia vai parar tudo. E alguém há de se lembrar que os insetos e os ipês estavam informando que isso ia acontecer.