Quando o link do meu amigo Edu Cerione chegou pelo Facebook, com o alerta: olha aí, é de Sorocaba, me animei como me animo ao receber informações sobre a minha cidade. Mas quando vi que se tratava de alguém tão querido, como o Nilton, a adrenalina subiu repentinamente.
Fiquei feliz, obviamente, com o desfecho bem-sucedido da recuperação do meu amigo, minha idade, acometido pela praga do Covid19.
Sem controle algum, de repente me vi mergulhado na minha infância, na Escola Estadual de 1° Grau “Professor Genésio Machado”. Fomos praticamente um mesmo grupo de meninas e meninos da 1° à 8° série. Uns bem melhores, mas todos bons alunos no amplo sentido que essa expressão significa, ou seja, não apenas nas matérias todos iam bem, mas havia um senso de cidadania e responsabilidade social bastante claro entre nós, daquele grupo.
Nilton tinha outras capacidades porém. A primeira delas era no time do Estrada. Ao contrário da sala de aula, nosso time tinha uns pernetas, onde me incluia. Minha missão era clara: tire a bola, impeça o ataque, corte, rebata… Tinha minha eficiência, mas a questão era tirar a bola do adversário e passa-lá a quem tinha condições de levar ela ao ataque. E Nilton era quem a gente procurava, ou o Homero, ou o Dini. Era certeza da bola chegar para o canhão de canhota do Banietti, do Acácio (ou esse era o goleiro? ) que foi lateral esquerdo do time principal do São Bento. Éramos os nascidos em 67 e 68.
Alguém teve a ideia de fazer o reencontro dessa turma. Fui uma vez só na chácara do Camarão. Faltei nas vezes em que o encontro foi na chácara da Maura. Saí do grupo de Whatsapp por razões profissionais uma vez que uso essa ferramenta para trabalhar. O Nílton sempre estava presente. Assim como raramente faltava na arquibancada dos jogos do São Bento. Ele, Élson, o marido e filho da Ivone… Sempre uma alegria o encontro com eles, pois era um reencontro comigo mesmo, aquele menino de pé no chão da Vila Santana. Nilton e Aparecido ficaram sócios e donos de uma metalúrgica. Encontrei-me com um deles por mais de uma vez na padaria Real.
Nilton, como disse, além de jogar bem futebol e ser super boa gente, como se diz na gíria, também toca violão como poucos. A missa dos jovens aos sábados às 19h na Igreja Santa Rita eram especiais. Até mesmo quem tinha pouca fé se contagiava com o entusiasmo das músicas daquelas missas.
Por tudo isso, ao ver o Nilton sair curado do CoronaVirus e vibrar com a alegria de ter vencido o principal jogo da sua vida, nas imagens que Nilson, seu irmão mais velho e jornalista, postou e recebi do Edu, uma alegria diferente tomou conta de mim. Me senti tão vitorioso quanto o Nilton. Me ajudou a entender que infância feliz eu tive. E o quanto isso é um privilégio, ainda mais em tempos de isolamento.
Obrigado Nilton por sua vitória e alegria. Obrigado à dedicação da equipe de saúde do hospital Modelo. Fico com a certeza de que sairemos fortalecidos dessa pandemia.
Nilson Ribeiro, ao falar sobre o irmão, disse: “Assim é na vida real. Este saindo da UTI é meu irmão Nilton Ribeiro. Hospital Modelo em Sorocaba. Muita dedicação e muito trabalho. Cada vida salva, cada batalha vencida contra o Covid-19 é celebrada por todos, equipe médica, funcionários e todos nós. A família respira um pouco mais aliviada a cada lufada de ar que invade o pulmão do nosso amado. Veja a alegria dessas pessoas. Reflita. Fique em casa”.
Obrigado Nilton por sua vitória e alegria
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