Uma semana depois da Operação Casa de Papel – ação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), braço do Ministério Público paulista; da Delegacia Seccional de Sorocaba, da Polícia Civil; e do TCE (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) – para investigar contratos entre a Prefeitura de Sorocaba e uma empresa voltada à terceirização de serviços municipais, cujo os valores excedem a R$ 25 milhões, a ordem do prefeito Crespo é para que todos trabalhem como se nada de anormal estivesse acontecendo.
Mas está.
Há um desejo latente entre um grupo de vereadores de tirar-lhe novamente do cargo. Começou devagar e já ganha corpo. Há argumentos variados, desde antigos (como o protocolado por um ex-assessor da Câmara, com base em fatos de 2018 e que será apreciado nesta terça-feira) até motivos deste ano como o abrigo que o prefeito deu à sua ex-assessora Tatiane Polis, e até mesmo supostas gravações de que se não está envolvido diretamente nos crimes investigados, ao menos o prefeito sabia que algo errado estava acontecendo (o que deu origem à Operação Casa de Papel) e não fez nada.
A verdade é que quando se deseja fazer algo, não precisa de muito esforço ou justificativa para fazê-lo. Resta saber o nível de lealdade que o prefeito conseguiu dos vereadores. Ele precisa de 7 vereadores amigos para se manter no cargo. Em tese, ele tem 8 ou 11 dos seu lado, dependendo da conta que se faça.
Agenda positiva
Entre os esforços do prefeito para dar a impressão de que segue em ritmo normal o seu governo, ele divulga que Sorocaba sediou na tarde desta segunda-feira o “Seminário Resíduo de Valor 2019” realizado pelo Instituto Movimento Cidades Inteligentes, com o tema lixo sustentável: receita e energia. O prefeito Crespo recepcionou Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro, além de Vanderlei Polizeli, prefeito de Iperó e presidente do Consórcio Ceriso; Guilherme Gazzola, prefeito de Itu e presidente da Região Metropolitana de Sorocaba; e Geraldo Garcia, prefeito de Salto e presidente do Comitê de Bacias Hidrográficas do Sorocaba e Médio Tietê.
No evento, o presidente do Instituto Movimento Cidades Inteligentes, Luigi Longo, “essa é uma lei que foi sendo procrastinada, sem solução, já que os prefeitos receberam o problema, mas não foram auxiliados financeira e tecnicamente para estabelecer o processo correto de solução do caso”.
A Prefeitura voltou, na manhã de hoje, a se utilizar de dados do Indsat (Instituto de Avaliação dos Serviços Públicos) para divulgar indicadores positivos à administração Crespo: “Sorocaba tem a melhor Guarda Civil Municipal entre as 10 maiores cidades do Estado de São Paulo”. Ou: “Sorocaba é a terceira cidade do Estado de São Paulo com a melhor qualidade da água”.
Basta um clique na página oficial de notícias do portal da Prefeitura de Sorocaba para se perceber o esforço para emplacare uma agenda positiva. Não há uma linha sequer sobre… ops, há sim a Corregedoria investigando as denúncias da Operação Casa de Papel como se toda a investigação tivesse sido originada dessa ação e não, justamente, o contrário.