Ao final dos dois primeiros depoimentos da CPI, da assessora Tati Polis e da vice-prefeita Jaqueline Coutinho, apurei que o prefeito Crespo gostou do que viu. Para ele, o depoimento de Tati abriu novos horizontes para o caso e seus ingredientes, ou seja, o prefeito prevaricou? O diploma é falso? A assessora agiu de má-fé?
Na compreensão do prefeito, a sua assessora deixou claro, por exemplo, que a vice-prefeita, no exercício do cargo de prefeita, não determinou a investigação pela Corregedoria Geral, portanto, ela prevaricou. Vale lembrar que a investigação sobre o diploma de nível fundamental só foi iniciada a partir de uma ordem do prefeito no seu retorno de Portugal. E, para o prefeito, ainda que a vice tenha investigado de forma particular, prevaricou ao não fazê-lo no exercício do cargo e deveria ter feito. O crime da prevaricação prevê também que o agente público seja acusado se perseguir um funcionário.
Na avaliação do prefeito e seu grupo, a assessora (que nesta segunda-feira pediu exoneração) deixou claro que houve essa perseguição ao responder ao vereador França de que a vice não gosta dela e a chamou de burra já na campanha. Ela citou o episódio do bolo de aniversário de Jaqueline. Afirmou que a assessora da Jaqueline deixou o bolo estragar e que a vice teria ligado para ela e dito: você não é paga para pensar. Além da ofensa, Tati era voluntária na campanha. Outro ponto importante, destacadpo pelo prefeito e equipe, foi o fato de que a vice teria tratado a Tati com a severidade já divulgada, mas não agiu assim com nenhum outro funcionário e aí os grupo lembrou que o advogado Anselmo Bastos denunciou a existência de mais de 20 casos de diplomas supostamente falsos na prefeitura.
Outro aspecto que chamou a atenção do grupo do prefeito foi o uso do termo “mulherzinha”, que a vice não tinha mencionado até agora e foi colocado pela assessora. Ela deixou claro que foi ofendida e humilhada por esse termo. A vice tentou explicar depois, no seu depoimento que se seguiu ao de Tati, que o termo foi no sentido de que nenhuma mulher deve se esconder sob a figura masculina. Ou seja, ser mulherzinha demonstraria uma suposta submissão feminina. Mas a Tati, na visão do grupo do prefeito, desbancou essa versão ou a enfraqueceu pelo menos ao dizer que ela foi chamada de mulherzinha como se fosse uma aproveitadora, uma amante, ou algo do tipo. O contexto é o mesmo, mas a interpretação é diferente.
Recordo que foi o fato de Jaqueline não se desculpar pelo termo e o reafirmar que motivou a explosão do prefeito. Foi a partir daí (a conversa já decorria por mais de uma hora) que ele disse à vice que pegasse suas coisinhas e fosse para casa ser vice lá. De tudo isso, o que sobra é que o lado da assessora não tinha sido colocado e agora foi e que a vice ficou mais vulnerável.
Para o prefeito e seu grupo, o vereador Hudson Pessini manobrou a presença de Jaqueline na Câmara durante o depoimento na tentativa de fazer uma acareação entre elas. Mas o advogado Joel Araújo, que representa a Tati, não deixou e Jaqueline só pôde ser ouvida após a saída de Tati. O prefeito e seu grupo tem a convicção de que o vereador Hudson levou a Jaqueline para a Câmara antes mesmo da audiência da Tati começar. Os vereadores Péricles Régis e Fernanda Garcia sabiam da Jaqueline e compactuaram da jogada.
Por outro lado, afirmou minha fonte, é importante frisar que a base do prefeito Crespo se articulou para ajudar no depoimento. Enquanto o vereador Irineu Toledo pontuou a prevaricação da vice com suas perguntas, o vereador Fernando Dini pontuou as fases das investigações, mostrando que o prefeito nunca deixou de investigar. A discussão era apenas que a vice não devesse investigar, pois a atribuição é do corregedor Gustavo Barata. Ou seja, concluiu minha fonte: com isso ficou mais claro que há uma perseguição da vice (sempre agindo exatamente quando o prefeito não estava) e só contra a Tati.
Ai minha pergunta, relembro, feita na sexta-feira foi: e agora?
E meu interlocutor respondeu: Agora a guerra foi deflagrada e não tem como haver a reconciliação mais. Novidades vão surgir já no início da semana.
Sinceramente, não tinha a menor noção de que as novidades seriam essas: afastamento da vice do governo e imputação de crimes contra ela (leia a seguir)
Assessora pede exoneração
Alegando razões pessoais, a assessora Tati Polis deixou o governo hoje (17/07) ao pedir exoneração. O prefeito Crespo não queria, tanto que não vai nomear ninguém para a vaga. O prefeito disse que espera que a assessora prove sua inocência, no caso do diploma, para ocupar sua vaga.