Alberto Miguel Saker, ou simplesmente, dr. Tito, morreu na madrugada de hoje em Sorocaba aos 86 anos de idade, sendo 63 deles dedicados ao exercício da medicina em Sorocaba e região. Seu velório acontece na Ofebas e o sepultamento está marcado para esta quinta-feira (30/08), às 9h30 no Cemitério da Saudade.
Médico anestesiologista (anestesista), dr. Tito formou-se na Faculdade Federal do Paraná, em 1955, e durante quase 30 anos foi assistente da cadeira de Farmacologia da Faculdade de Medicina da PUC-SP (aqui em Sorocaba), e um empreendedor, sendo sócio do Hospital Samaritano e da Diagson. Ele deixa os filhos Ana Maria, José Augusto, Ângela, Adriana e Ana Tereza. Netos e bisnetos.
Numa de suas raras entrevistas, dr. Tito deu uma declaração para ser publicada numa homenagem que o Hospital Santa Lucinda fez a ele anos atrás. Ali, de modo singelo, ele dizia: “Minha vida profissional foi construída no Santa Lucinda. No começo, as pessoas tinham medo dos profissionais novos, mas houve uma necessidade e me aceitaram no serviço”. Em outra passagem, perguntado sobre o que um anestesista deve ter, ele foi direto, como era seu costume: “autoconfiança. A confiança em sua capacidade representa 50%, o restante deve vir do paciente.”
Dr. Tito se transformou ao longo de sua história em um ícone. Esse adjetivo em relação a ele ouvi de mais de um médico com os quais conversei hoje, ao saber de sua morte. Todos os médicos com os quais conversei, inclusive os que não foram apenas elogios a ele, reconheceram a sua importância na história da medicina sorocabana, em especial por ter sido o pioneiro na cidade no trabalho de equipe médica, um conceito que não havia na cidade.
Para entender essa dimensão, vale lembrar que a palavra ícone vem do grego “eikon” e significa imagem. Ou seja, ícones são imagens que nos dizem de forma bem direta o que alguma coisa significa, e o nome dr. Tito, a sua presença, significava medicina de qualidade. Foi uma pessoa bastante querida na comunidade médica e entre os seus milhares de pacientes.
Por definição semiótica, um ícone se caracteriza por estabelecer uma relação de lógica entre o significante e o significado, no caso de dr. Tito isso quer dizer que seu nome se confundia com a qualidade de uma anestesia. Ao ter seu nome citado, quem ouvia entendia ali existir uma espécie de parentesco entre ele e a medicina, entre ele e a anestesia. Entre ele e um resultado bem-sucedido.
A morte do dr. Tito marca uma virada de página na história da medicina sorocabana.