Iara Bernardi e Cíntia de Almeida estão na história política de Sorocaba por defenderem bandeiras feministas, valorização da mulher, proteção da mulher contra os mais variados tipos de violência. Fernanda Garcia, bem mais jovem dos que as duas, também trilha sua história em ações de defesa da mulher. Os partidos delas, PT, MDB e PSOL também têm histórias de luta pelos direitos da mulher. Mesmo assim, as três votaram por cassar o cargo de vice-prefeita de Jaqueline Coutinho.
A decisão dos Homens dos partidos delas falou mais alto. A estratégia dos Homens que comandam as estratégias da próxima eleição falou mais alto. As três, sem exceção, se submeteram ao escopo da lógica que há séculos perdura na vida política e foi determina por Homens.
Quando do anúncio do pedido de cassação da vice, aquele primeiro que continha um erro que foi corrigido no segundo pedido, eu disse que se tratava de ação oportunista. Não se tratava de uma defesa de Jaqueline, de quem sou conhecido em razão de ser jornalista. Mas de contextualização do pedido.
Passado isso, vai-se ao mérito do pedido de cassação: duas ações onde o Ministério Público, na esfera Cível e Criminal, a acusa de crime. Ou seja, tal julgamento está no âmbito correto, cujo o fim (sua condenação ou não) terá percorrido o rito processual onde acusação e defesa têm em pé de igualdade tempo e espaço para agir. Na Câmara, evidentemente, o mérito do crime é totalmente secundário. É só política a decisão, ou seja, melhor que ela fique? Não, melhor que saia? Só isso.
A história pública da vice, como delegada, onde se aposentou após 30 anos de serviço, nem levada em conta foi.
Me lembro das críticas que eram feitas à então presidente Dilma, por seu modo de agir e se comportar. Até que alguém foi claro: se o que Dilma faz fosse feito por um homem, ele só receberia elogios, teria sua liderança enaltecida. Mas por ser mulher… era ruim, feio, de tom errado…
Na cassação da vice estava, sim, em jogo, o papel da mulher na vida pública. E Iara, Cíntia e Fernanda, por unanimidade, disseram que lugar de mulher não é na política. Pior, o voto das três é um sinal de que mulher deve ser “protegida” quando um Homem é mau educado com ela. Afinal, quem não se lembra de Iara levar seu ombro para a vice chorar quando o prefeito Crespo tirou-lhe a sala para trabalhar na prefeitura? Tirar a chave da sala é um escândalo, mas tirar o cargo não?
Sinceramente, o voto de Iara, Cíntia e Fernanda foi absolutamente contraditório com a história de cada uma, afinal, repito, ainda não há julgamento sobre os crimes do qual a vice é acusada. As três fizeram uma escolha política. E, pior, uma escolha decidida por Homens.