José Eduardo de Souza, ou simplesmente Doia, um dos filhos do seo Zé, um dos fundadores da Padaria Real, e também um de seus dirigentes, se emociona ao contar como descobriu que dar emprego para pessoas com algum tipo de deficiência, que a princípio era apenas um problema a ser resolvido diante da legislação trabalhista do Brasil, se transformou numa oportunidade para o aperfeiçoamento da qualidade do serviço oferecido pela Padaria Real, referência nacional no seu setor.
O comprometimento das pessoas com deficiência com o trabalho e o modo como enfrentam a discriminação, violência, estigma e exclusão são verdadeiros exemplos que contagiam os colegas. Hoje são 29 pessoas com algum tipo de deficiência que trabalham na padaria num total perto de 700 funcionários nas quatro unidades da Real em Sorocaba, mas as portas estão abertas a quem tem algum tipo de lesão mental, cegueira, surdez, falta de membro, uso de cadeira de rodas. E não é bondade, ou seja, se o deficiente não tiver o perfil para a padaria não é contratado, mas se sua competência tiver relação com a padaria as portas estão abertas.
Essa visão levou a Padaria Real a ser uma das 33 empresas a receber o Prêmio Reconhecimento Global “Boas Práticas de Empregabilidade para Trabalhadores com Deficiência” – categoria Gestão – na sede da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York, na noite de segunda-feira, 3 de dezembro, Dia Internacional da Pessoa com Deficiência.
Na semana passada, para anunciar a Sorocaba essa premiação, a direção da padaria reuniu 6 dos funcionários com deficiência e os gerentes responsáveis pela implantação dessa visão de gestão para conversar com a imprensa. São relatos que emocionam pela superação dos problemas da deficiência deles, mas especialmente pela lição de vida que suas histórias são para quem, no calor de um atendimento, por exemplo, externa todo o seu preconceito com pessoas com deficiência.
Que a premiação e a visão de negócio da Padaria Real seja motivo de inspiração para outras empresas de Sorocaba que não vejam a pessoa com deficiência como um coitadinho, mas como um ser humano capaz assegurando a inclusão e a igualdade deles em nossa sociedade.