Davi Vieira fez do conservadorismo sua bandeira política e vê ofensa em minha fala na rádio
Já dei espaço mais do que suficiente ao estudante da Faculdade de Medicina de Sorocaba Davi Vieira, fundador e presidente do grupo Direita Sorocabana, organizador do 1º Congresso da Direita Sorocabana. Mas ele quer mais e informa em sua página na rede social que “enviarei à rádio uma notificação extrajudicial de direito de resposta”, pois ele sente-se “na obrigação de defender o movimento da imputação de crimes como pedofilia e estupro”. Ele refere-se ao que disse na coluna O Deda Questão no Jornal da Ipanema (FM 91,1Mhz).
Vou tentar deixar claro o que penso sobre Jair Bolsonaro, segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto para a presidência da república em 2018 e por isso entendo que ele não representa o que a sociedade brasileira demonstra ser ao longo de sua história. Bolsonaro representa o que há de mais autoritário na vida pública nacional e isso eu afirmo com base no que se noticiou dele: incita do uso da violência de Estado para “colocar ordem”, ironiza e despreza minorias (disse que não cometeria estupro contra Maria do Rosário, ministra ou deputada no governo Dilma, por ela ser feia); nega conquistas sociais e de direitos humanos históricas do país (lembram-se da homenagem que fez ao torturador Ulstra?).
Diante de tudo isso, e de estar em segundo lugar na pesquisa, concordo com José Roberto Ercolin, âncora do Jornal da Ipanema, quando ele afirma que Bolsonaro precisa ser ouvido. Mas mantenho meu convite ao ouvinte e leitor: quem incentiva o estupro ou comete qualquer crime merece espaço?
Um ouvinte assíduo, o engenheiro calculista José Dias Batista Ferrari, me cobrou sobre minha coerência uma vez que desde sempre afirmo que “posso não concordar com nada que dizes, mas defenderei até o fim o direito de dizê-las” (citando Voltaire). E eu disse que havia exceções. Não entendo que um fascista, nazista, incentivar de pedofilia ou qualquer outra barbaridade mereça espaço. Obviamente que, repito, prevalece o fato de muitos brasileiros tendo a intenção de voto nele, ele merece ser ouvido. Mas no que depender de mim seguirei afirmando o quanto ele é nefasto.
Me surpreende, porém, o número de pessoas (diplomadas e com cargos importantes, inclusive na vida pública) que identificam-no como anti-petista ou anti-comunista e toleram o posicionamento de Bolsonaro.