Luís Fernando Rodrigues, que é sorocabano e mora em Itapetininga, em comentário na minha postagem anterior (para ler o que ele escreve basta ir até ela) evoca a verdadeira democracia para criticar as críticas que eu faço mais aos bozoístas (súditos do presidente) do que ao Bolsonaro em si.
Luís Fernando, que depositou em mim a expectativa de que eu fosse inteligente (eu não posso dizer o mesmo de mim em relação a ele uma vez que eu não o conheço e segundo por ele ser bozoísta) não percebe que a base do seu argumento é a base do que o presidente quis derrubar: a democracia.
Bolsonaro age desde antes da sua vitoriosa campanha que o elegeu presidente contra a democracia. Ainda deputado, teve a pachorra de dignificar um torturador. Nega um dos piores períodos de nossa história. Ali, naquele instante, a Justiça deveria ter sido feita e ele acusado e julgado diante do que diz a lei maior deste país, e da humanidade de um modo em geral, e não teríamos o risco de viver sob a sua presidência que é o que estamos vivendo.
Luís Fernando acha pouco isso. Eu, e as pessoas do bem, não. Um dos piores erros do Brasil foi ter colocado os 23 anos da ditadura embaixo do tapete, como se não tivesse existido, como se tivesse sido “uma coisa” menor. Muito do que somos (iletrados, analfabetos, com enorme dificuldade de interpretar um simples texto…) é consequência deste silêncio.
Mas vamos dar o pulo histórico desejado pelo leitor Luís Fernando e voltemos à vacina. Ele diz que o presidente não é contra a vacina, tanto que comprou 400 milhões de doses, mas contra a falta de liberdade em se tomar ou não a vacina. Que liberdade individual se sobrepõe à liberdade coletiva? Nenhuma. Em lugar algum democrático (como evoca Luís Fernando).
Democracia não é a garantia das liberdades individuais sobre qualquer interesse coletivo. Democracia é a convivência num mesmo espaço, num mesmo tempo de pessoas que aceitam a lei que a rege. O presidente não fez isso e os bozoístas não o fazem.
Luís Fernando me acusa de esquerdista por não reconhecer acertos do presidente. Primeiramente, esquerdista não é acusação. Em seguida, não me enquadro nos conceitos tradicionais de esquerda uma vez que, do ponto de vista econômico ao menos, eu sou muito mais liberal, um social-liberal. A visão que os liberais têm da meritocracia, seguramente, é o ponto que me afasta do liberalismo como praticado pelo thatcherismo no pós-Churchil.
Luís Fernando, e súditos do Bozo, fiquem atentos a este fato: Bolsonaro perdeu a chance de mudar este país. Ele tinha votos, apoio da elite, apoio do mercado, apoio do congresso e desperdiçou isso tudo por sua incapacidade para o cargo. Suas deficiências são tantas que achar que ele ainda é opção para seguir no cargo me faz desconfiar das pessoas que ainda o apoiam.
Num país mais maduro, os favoritos a ganhar seriam Ciro, Doria, Moro, Pacheco, o Zé da Esquina… e não Lula que já teve sua chance e mostrou o seu pragmatismo elegendo Bolsonaro. Lula tem apenas uma vantagem, digna diga-se de passagem, sobre Bolsonaro: Nem nos seus piores momentos, quando “julgado”, condenado e preso ele negou a democracia. Isso não é pouco!
Quanto à comparação que você, Luís Fernando, faz de Lula com outros bandidos do Brasil, te pergunto, qual a diferença de Bolsonaro com eles? Você, de fato, acredita que o presidente é honesto e era honesto? Não Luís Fernando, com um pouco de bom senso e autocrítica tenho certeza de que você poderá vir a enxergar quem é esse que você cegamente idolatra.