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Que novembro é este?

Primeiro foi o Frangão, do tênis; depois o Zé Menino, referência como cabeleireiro e empreendedor; o cartunista Peron e há instantes a porrada no estômago: Gal Costa, 77 anos.

Quando eu era adolescente, achava que ela era irmã de Caetano e Betânia. Não só por ser baiana e participado do Movimento Tropicalista, mas pelo amor que a uniu a Caetano há 60 anos. Depois soube que Gal era balconista da loja Roni Discos em Salvador quando conheceu Caetano e desde então uma intimidade nasceu entre eles.

A voz de Gal sempre foi seu maior trunfo como artista, isso aliado à sua presença de palco fizeram dela uma referência entre o cidadão comum que gosta de música, como eu, e ícones de diferentes gerações de artistas brasileiros e internacionais.

Me lembro quando eu tinha 14 anos, em 1981, quando conheci o seu disco Gal Tropical. Não foram as músicas que chamaram a minha atenção, mas seus lábios carnudos e vermelhos estampados na capa, pura sedução para aquele menino carregado de hormônio, desejo e culpa… Havia um refrão que dizia assim:

(…) Meu nome é Gal

E desejo me corresponder

Com um rapaz que seja o tal (…) 

Foi a primeira vez, eu acho, que percebi que a forma é o que verdadeiramente comunica. Existe algo mais banal do que se dizer… Meu nome é Gal… Meu nome é Djalma, Luiz, Petrônio, João, Maria… Mas da sua voz, esse verso virou poesia. A sonoridade de sua paradoxal energia e malemolência.

Gal operou um nódulo no nariz em setembro passado e estava se recuperando bem. No último final de semana, ela cancelou um show em São Paulo e hoje pouco depois das 11h sua morte foi confirmada. Imediatamente a linha do tempo de minha página do Facebook se encheu de postagens com o mesmo teor de perplexidade, surpresa, lamento e declarações de amor por ela. A morte de Gal é perda tão significativa para cada um de nós!

Gal faz parte da nossa história, da construção da identidade nacional, da força da música brasileira como expressão do que é ser brasileiro. Seu nome de batismo era Maria das Graças Penna Burgos. Mas simplesmente Gal a eternizou entre nós.

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