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Eu estava no corredor de uma casa na rua Machado de Assis (Estranho eu saber o nome da rua, o fato é que sabia. Estranho é que minha nonna e nonno moraram numa casa na rua Machado de Assis, mas eu nunca fui lá pelo que me lembro, meu nonno morreu quando eu tinha 3 anos e minha nonna se mudou de lá).

Era perto do amanhecer, mas estava escuro. Um pouco de uma luz amarela entrava no corredor pouco iluminado. Eu dava dois passos para a frente e voltava um. Saí pra rua. Olhava para o celular para ver as horas. Eram 6h45 então voltei ao corredor. Fazia frio e não tinha sol. O dia não nascia. Às 7h vi movimento na casa da frente, a casa onde eu vou fazer faxina. Só podia ser a velha. Vi a sua sombra no chão, mas ela voltou para dentro de sua casa pensando: Ele está atrasado. Não dá pra confiar nele. Às 7h01 eu ia apertar a campainha. Mas recuei. Preciso tirar essa gravata borboleta e camisa. Para a faxina, melhor colocar uma camiseta. Fui ao carro, mas não o achava. Não estou com o carro vermelho, nem com o branco. Estou com um acinzentado esverdeado. Mas de quem é esse carro? Tenho um branco e outro vermelho. Porque eu vim com esse? Onde ele está? Roubaram o carro que nem meu é! Um carro que nem sei o motivo de eu estar a dirigi-lo. São 7h15 e volto a ver a sombra da velha na calçada. Ela não abre o portão, por isso não põe a cabeça na rua e não consegue me ver. Eu fico quieto para ela não notar minha presença. Eu estou atrasado e quero ir até lá, mas preciso achar o carro. Foi roubado? Mas nem sei sua placa. Como vou dizer que roubaram um carro que nem meu é e nem sei o motivo de eu estar a dirigi-lo! Ando de um lado a outro. Aperto o botão da chave com a intenção de ouvir alguma porta destravando. Não acho. São 8h. Tudo está nublado. As luzes amarelas dos postes ainda estão acesas. A sombra da velha e da grade do portão estão na calçada. Eu estou ali estagnado. A velha faz sinal com as mãos e os braços como se estivesse me chamando. Eu hesito, mas vou. Você está atrasado. Eu sei, respondo. Mas não acho o meu carro. O branco? Não. O vermelho está ali, ela me mostra. Mas não é aquele, eu vim com um acinzentado esverdeado. De quem é? Não consigo me lembrar. Sentei no degrau da casa da velha e a calçada ficou com a sombra dela, da grade e minha. A faxina está esperando. Eu não consigo me mexer…

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Um insistente latido de cachorro me acorda. São 6 horas e 4 minutos.

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Os sonhos são um estado fisiológico e psicologicamente consciente que ocorre durante o sono e que se caracteriza frequentemente por um rico conjunto de experiências sensoriais, motoras e emocionais do organismo, define a Associação Americana de Psiquiatria.

Em “A Interpretação de Sonhos”, obra publicada em 1899, Freud escreveu que “o sonho é a estrada real que conduz ao inconsciente”. Durante muito tempo, antes do surgimento da psicanálise freudiana, pensava-se que o sonho era símbolo de uma manifestação divina ou uma premonição.

Sendo assim, para Freud, sonho constitui “uma realização (disfarçada) de um desejo (reprimido)”. Possui um conteúdo manifesto, que é a experiência consciente durante o sono, e ainda um conteúdo latente, considerado inconsciente.

Para Lacan, os sonhos eram uma forma de comunicação entre o consciente e o inconsciente, um meio pelo qual o inconsciente tentava transmitir mensagens simbólicas para o indivíduo.

Para os psicanalistas, os sonhos são considerados como uma janela para o inconsciente e uma fonte valiosa de informação sobre o paciente. Eles acreditam que os sonhos podem revelar desejos reprimidos, conflitos emocionais e traumas não resolvidos que não podem ser acessados ​​durante o estado de vigília.

Para Jung, os sonhos são compensatórios, ou seja, ligada à religião, sonhos são elementos manifestos do inconsciente para trazer esperança e encorajamento para a pessoa suportar as adversidades da vida, bem como, qualquer dificuldade que ela esteja passando no momento.

Na Bíblia, Jó 33:14-16, sonhos são visões durante a noite, quando o sono profundo cai sobre todos, enquanto dormem em suas camas. Sussurra em seus ouvidos e aterroriza-os com advertências.

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