“Temos que ter em mente que nada voltará a ser como era antes”

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O Brasil registra 550 mil mortes pelo Covid-19, sendo que apenas em Sorocaba são quase 2.700 mortes em razão deste vírus que obriga, já há um ano e meio, as pessoas a se adaptarem a um novo modelo de vida.

Mas haverá futuro?

Essa resposta, que tanta ansiedade tem gerado às pessoas em todo o mundo, é sim. Ao menos para o economista Marcelo Martinovich e ex-presidente do Conselho Fiscal da Fenecon (Federação Nacional dos Economistas).

Convidado para a reunião plenária on-line da Regional Sorocaba do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), realizada na última quinta-feira, com cerca de 40 empresários, ele apresentou uma avaliação das atuais tendências e cenários futuros do negócio 4.0, tanto na questão mercadológica, quanto em aspectos políticos e econômicos.

“O empreendedorismo é o caminho para o desenvolvimento nos próximos anos. Temos que ter em mente que nada voltará a ser como era antes. O modelo pós pandemia é um modelo híbrido e o mundo digital veio para ficar. É importante investir em ferramentas estratégicas, como Big Data, Business Intelligence (BI), Internet das Coisas (IoT), marketing digital. Além disso, é necessário avaliar os indicadores de desempenho ou KPIs e observar o que realmente agrega valor”, explicou.

Segundo o palestrante, a tendência para o segundo semestre deste ano é positiva. “Devemos terminar esse ano com um PIB positivo e, dependendo do arranjo político, o cenário para 2022 ficará entre realista e otimista moderado. Isso porque estamos em um momento bastante volátil e apesar do resultado positivo esperado do PIB deste ano, temos um histórico de crises e baixo crescimento ou crescimento médio negativo do PIB em anos anteriores”, afirmou.

Em sua palestra, Martinovich destacou ainda os efeitos do envelhecimento da população brasileira na economia. “Como uma economia jovem e emergente, o Brasil sempre se beneficiou do bônus demográfico, pois o volume de brasileiros que entrava no mercado de trabalho era maior que a quantidade de pessoas que o deixava. Com o envelhecimento da população, no médio e longo prazo isso pode trazer uma questão previdenciária e dificultar o crescimento da economia. Por isso, é fundamental o aumento da produtividade no Brasil”, disse.

Desafios

O diretor titular do Ciesp-Sorocaba, Erly Domingues de Syllos, na abertura da reunião destacou o reconhecimento nacional e internacional da região: “Sorocaba foi considerada a quarta melhor cidade das Américas para receber investimentos nos próximos anos, na categoria custo-benefício, segundo a revista internacional Foreign Direct Investiment Strategy, do grupo Financial Times. Além disso, tivemos recentemente a visita do Presidente da República e de três Ministros de Estado para a inauguração do primeiro Centro de Excelência em Tecnologia 4.0 do País, no Parque Tecnológico de Sorocaba (PTS). Importante destacar que este trabalho que está sendo desenvolvido aqui na nossa cidade, é referência e utilizado como case para todo o Brasil. Mas, o desafio que temos pela frente é muito maior, temos que levar a Indústria 4.0 para toda cadeia produtiva, uma vez que as pequenas e médias empresas estão tendo muita dificuldade para se adequar. Também temos o desafio de expandir cada vez mais e trazer a rede 5G para toda Região Metropolitana de Sorocaba”, observou Syllos.

Ao encerrar o evento, o diretor do Ciesp-Sorocaba avaliou as informações apresentadas como fundamentais. “Esses dados e cenários são importantes para fazermos nosso planejamento estratégico visando aumentar a competitividade da indústria, principalmente em um cenário pós-pandemia. Temos que arregaçar as mangas e colocar em prática no setor produtivo todas essas transformações. Além disso, precisamos urgentemente da reforma tributária e da desburocratização do sistema, visando o crescimento da indústria de transformação, que é uma das mais penalizadas com a carga tributária no País”, concluiu Syllos.

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