Há sete anos, em 2011, a Satúrnia fechava de vez a sua fábrica de baterias na região do bairro Iporanga, na zona industrial de Sorocaba, e deixava no local um passivo ambiental referente a descartes de chumbo e outros materiais químicos que fazem mal à saúde dos seres vivos (pessoas, bicos e plantações).
Os vereadores João Donizeti Silvestre e Iara Bernardi lideraram visita de equipes da Câmara de Vereadores ao local, mais de uma vez, denunciando o crime ambiental. Mas a novidade veio à tona na noite de domingo, no programa Fantástico da Rede Globo, onde uma equipe da TV TEM Sorocaba produziu uma reportagem sobre o local e trazendo a novidade: moradores fizeram da área um “garimpo” de sobras de chumbo da antiga produção de bateria.
“As pessoas se arriscam cavando a terra contaminada por produtos químicos para vender os metais em ferros-velho da cidade”, denunciou a reportagem.
Com câmeras escondidas, os produtores da TV TEM e do G1 flagraram dezenas de pessoas escavando o terreno. Do alto é possível ter uma ideia do tamanho da área que já foi revirada por pás, enxadas e até máquinas. Sem saber que estava sendo filmado, um homem, que teve a identidade preservada, explicou como funciona o esquema de extração no terreno. “Você bate o martelo e se ela [pedra] não quebrar, é pura. É R$ 4 o quilo. Você só não pode chegar perto de lá, porque tem uma fumaça saindo ali embaixo da terra. Tem lugar que você vai e arde o olho”, diz.
Providências
Em nota à TV TEM, o órgão estadual – um representante da Companhia Ambiental do Estado (Cetesb) – informou que multou os responsáveis pela massa falida da Saturnia em R$ 257 mil pela contaminação do terreno e falta de providências para eliminar o risco potencial a saúde.
A Cesteb afirma que vai oficializar na Justiça e na prefeitura a situação do local, que exige interdição e instalação de vigilância para impedir o acesso de pessoas não autorizadas. A Secretaria de Meio Ambiente também foi notificada pelo órgão para acelerar o processo afim de eliminar a situação de risco.
O Ministério Público informou que vai pedir que a Prefeitura de Sorocaba interdite o terreno da antiga fábrica de baterias. A área onde estão os restos de baterias e lixo tóxico fica no bairro Iporanga, escondida por um matagal, e tem livre acesso.
Em nota, a Prefeitura de Sorocaba afirmou que solicitou ao setor Jurídico que avalie o caso junto ao MP, e que entende ser necessário punir os responsáveis pelos danos causados ao meio ambiente.
De acordo com o promotor do meio ambiente de Sorocaba, Jorge Marum, representantes da Prefeitura de Sorocaba, Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Polícia Ambiental, o administrador da massa falida da empresa, Sadi Montenegro Duarte Neto, e do Ministério Público “vão tentar ver alternativas para lidar com essa emergência”.