O deputado estadual Danilo Balas comprou um espaço num pedaço de página no jornal Cruzeiro do Sul para publicar um Informe Publicitário onde ele faz uma Nota de Repúdio contra o secretário municipal da Saúde, Vinícius Rodrigues, em razão da sua grosseria com a conselheira de saúde Lucila Magno, tema, aliás, que já abordei neste blog dias atrás, quando o fato ocorreu.
Os dois se odeiam, e há muito tempo, embora tenham muito em comum: são do mesmo partido ao qual o presidente Jair Bolsonaro esteja ou vá; são amigos pessoais de Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do presidente; se autointitulam de Direita (seja lá o que eles entendam por isso).
Vinícius Rodrigues, logo depois de eu ter publicado aqui sobre sua grosseria com Lucila, publicou em sua rede social justamente o contrário, de que ele teria sido atacado por ela dando a entender que não teria sido um caso isolado, mas uma articulação do PT/PSOL contra ele. Ele foi grosseiro, frise-se isso. Agiu em total desacordo com o seu título, momentâneo, de secretário.
Danilo Balas, por sua vez, com o intuito de atacar seu desafeto não se importou em se solidarizar com alguém (Lucila Magno) com quem ele não tem nenhuma história ou memória ou afinidade, expondo seu oportunismo.
O comportamento de ambos (Vinícius Rodrigues no conselho e nas suas publicações em suas redes sociais e de Danilo Balas ao se aproveitar de uma circunstância, se escondendo numa suposta solidariedade quando fica clara sua intenção de atacar) demonstra que eles não conseguem enxergar o humano que está a frente deles. Nenhum vê Lucila Magno pelo que ela é: uma mulher que deixou a pobreza financeira do Nordeste, chegou aqui sem nada e se construiu numa das lideranças principais no combate à Aids e toda carga de preconceito que está atrelada a esta grave síndrome, tendo o seu trabalho reconhecimento em âmbito nacional. Fosse Lucila apenas uma senhora de 78 anos e isso já bastaria para que ambos tivessem respeito por ela. Sim, ambos faltaram com o respeito com Lucila.
O comportamento de ambos me faz lembrar de Hannah Arendt (1906-1975), teórica política e filósofa, em seu livro “Eichmann em Jerusalém – Um relato sobre a banalidade do mal”, onde ela aprofunda a reportagem que fez à revista New Yorker sobre o julgamento de Adolf Eichmann por crimes de genocídio contra os judeus, durante a 2ª Guerra Mundial, em campos de concentração nazista. Ele reconheceu que matou todas aquelas pessoas, mas se disse inocente pois estava apenas cumprindo ordem. Era apenas um funcionário exemplar no emprego que lhe deram. Ou seja, Eichmann não enxergava o humano que existia naquelas pessoas confinadas pelos nazistas. Vinícius Rodrigues e Danilo Balas não enxergam o humano que existe em Lucila e vêem nela uma “agente” do PT/PSOL ou uma oportunidade para atacar seu adversário.
Que os eleitores enxerguem quem são vocês. 2022 está logo ali, parafraseando um dos briguentos.