Três pessoas foram presas em Sorocaba hoje como parte de uma operação de combate à sonegação fiscal, fraude estrutural, lavagem de dinheiro, enriquecimento ilícito e organização criminosa deflagrada nesta quarta-feira (12) por agentes do Dope (Departamento de Operações Policiais Estratégicas), Ministério Público, Secretaria da Fazenda e Procuradoria Geral do Estado de São Paulo.
No total, foram cumpridos 38 mandados de busca e apreensão e 14 mandados de prisão. 11 pessoas foram presas entre elas empresários, advogados e contadores de empresas e pessoas físicas, em 23 endereços nos municípios de Guarulhos, Sorocaba, Votorantim, Indaiatuba e Pilar do Sul (SP), além de dez mandados em Alagoas.
Mas todas as manchetes das notícias envolvendo tal fato fizeram um recorte enfatizando que a polícia prendeu o secretário de Recursos Humanos da Prefeitura de Sorocaba (SP), o advogado Rodrigo Onofre. E foram estes títulos milhares de vezes compartilhados em redes sociais. Quem não leu (o que é muito habitual em Sorocaba) o texto, e se informou apenas pelos títulos das notícias, ficou com a certeza de que o crime pelo qual ele foi detido ocorreu na Prefeitura de Sorocaba. E não foi. Antes de ser secretário, Onofre estava envolvido com as acusações reveladas hoje pela polícia e que o levaram a ser preso.
Mas a imprensa está errada em enfatizar este título?
Na minha visão, não.
Ninguém saberia quem é Onofre se ele não tivesse virado pessoa pública por decisão do prefeito Rodrigo Manga, eleito pela maioria dos eleitores que foram às urnas em 2020. Assim como ninguém, praticamente, sabe quem é o casal preso aqui e que é acusado de ter sonegado R$ 1 bilhão em impostos.
O prefeito até o momento em que eu escrevia este texto, 15h30, não havia ainda exonerado o secretário devido a sua prisão, fato ocorrido logo pela manhã. Manga chamou para sua equipe várias personagens novas, que nunca antes haviam ocupado uma cadeira pública, e ninguém sabe qual o seu critério para preenche-las, a não ser o fato da lei de que essas escolhas são prerrogativas do chefe do executivo.
Diante da prisão, porém, isso muda. Passou a ser obrigação de Manga dar satisfação à sociedade informando quem é Rodrigo Onofre? Antes da prisão, Manga tinha a informação de que ele atuava em ações que poderiam ser criminosas, como agora ocorre a denúncia? Qual critério Manga usou para escolher Onofre para um cargo de confiança? Por que Manga tem dúvidas sobre sua exoneração?
Um problema de polícia se transformou em um de política. E Manga terá de descascar este “abacaxi”.
Quem é Onofre?
Rodrigo Onofre, segundo o site oficial da Prefeitura de Sorocaba, é um antigo parceiro de trabalho de Rodrigo Manga. Os dados dizem que ele é bacharel em Direito pela Universidade de Sorocaba (Uniso). Pós-graduado em Direito do Trabalho e Processual do Trabalho pela Faditu. Foi analista financeiro de empresa multinacional; assessor jurídico na Câmara Municipal de Sorocaba; consultor financeiro independente e analista administrativo na iniciativa privada. Foi membro da Comissão de Direito do Trabalho da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Subseção de Sorocaba. Ocupou o cargo de secretário jurídico da Câmara Municipal de Sorocaba e atuou, desde 2017, como assessor jurídico no Legislativo.
Entenda a operação
A ação de hoje foi batizada de “Operação Noteiras” que investiga um esquema de sonegação fiscal criado por um grupo de empresários do setor de plástico. A investigação começou há dois anos, quando empresas de fachada foram descobertas em Alagoas. As equipes saíram da sede do Ministério Público da cidade de São Paulo. Cerca de 60 agentes fiscais da Secretaria da Fazenda, nove Procuradores da Procuradoria Geral do Estado, cinco Promotores do MP, e oito policiais civis de Maceió (AL). O Dope destacou 140 policiais e 60 viaturas. Os presos e os materiais apreendidos vão ser levados para Divisão de Capturas.