Deputado que chamou Papa de vagabundo teve 7,5% dos seus votos em Sorocaba

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O deputado estadual Frederico d’Avila (PSL), que usou a tribuna da Assembleia Legislativa na última quinta-feira para chamar o Papa Francisco e o arcebispo de Aparecida (SP), dom Orlando Brandes, de “pedófilos”, “vagabundos” e “safados” obteve na eleição de 2018, quando foi eleito para o seu cargo, 1.807 dos seus 24.470 votos apenas na cidade de Sorocaba, ou seja, 7,5% de sua votação. Esse percentual cresce levando em conta os mais de 4 mil votos que ele obteve na região com expressiva votação em Buri, Capão Bonito, Pilar do Sul, São Miguel Arcanjo, Registro, Guapiara, Itapetininga, Itapeva, Angatuba.

Frederico d’Avila, em seu registro na justiça eleitoral, se classifica como produtor agropecuário. Ele nasceu em novembro de 1977, foi eleito na esteira do fenômeno bolsonarista daquele momento e seu ataque foi uma reação ao pronunciamento do arcebispo de Aparecida que pediu uma pátria “amada e não armada”.

O PSL anunciou hoje a expulsão do partido do parlamentar, alegando que essa histeria do parlamentar na tribuna é repulsiva.

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) enviou uma carta aberta à Assembleia Legislativa de São Paulo pedindo a punição do parlamentar e anunciou que acionará a Justiça para que o bolsonarista esclareça as acusações.

Na carta divulgada neste domingo, a CNBB pede ao presidente da Assembleia, Carlão Pignatari, que a Casa adote medidas contra d’Avila. O arcebispo de Sorocaba, dom Júlio Akamine, enviou cópia da carta a cada um dos padres e frei da arquidiocese pedindo que cada um aborde com os fiéis de suas paróquias a gravidade da acusação do deputado e cobre dos fiéis um lado, ou seja, que cada católico evite passar pano, como se diz popularmente, no pronunciamento do deputado Frederico d’Avila.

“A CNBB tratará esse assunto grave nos parâmetros judiciais cabíveis. As ofensas e acusações, proferidas pelo parlamentar, protagonista desse lastimável espetáculo, serão objeto de sua interpelação para que sejam esclarecidas e provadas nas instâncias que salvaguardam a verdade e o bem, de modo exigente nos termos da lei”, de acordo com a carta.

“Seu vagabundo, safado da CNBB, dando recadinho para o presidente [Jair Bolsonaro], para a população brasileira, que pátria amada não é pátria armada. Pátria amada é a pátria que não se submete a essa gentalha, seu safado”, afirmou na tribuna da Assembleia.

“Seu vagabundo, safado, que se submete a esse papa vagabundo também. A última coisa que vocês tomam conta é do espírito e do bem-estar e do conforto da alma das pessoas. Você acha que é quem para ficar usando a batina e o altar para ficar fazendo proselitismo político? Seus pedófilos, safados. A CNBB é um câncer que precisa ser extirpado do Brasil”, disse.

A CNBB cobra “correção exemplar” mediante a “credibilidade” da Alesp.

“Com ódio descontrolado, o parlamentar atacou o Santo Padre o Papa Francisco, a CNBB, e particularmente o Exmo. e Revmo. Sr. Dom Orlando Brandes, arcebispo de Aparecida. Feriu e comprometeu a missão parlamentar, o que requer imediata e exemplar correção pelas instâncias competentes”, segundo a carta.

 

“A CNBB, respeitosamente, espera dessa egrégia casa legislativa, confiando na sua credibilidade, medidas internas eficazes, legais e regimentais, para que esse ultrajante desrespeito seja reparado em proporção à sua gravidade —sinal de compromisso inarredável com a construção de uma sociedade democrática e civilizada”, afirma a CNBB.

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