Escolha do local da rodoviária indica opção por expansão urbana

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Como editor, desde a eleição de 2008 tenho pautado os candidatos a prefeito de Sorocaba a falarem sobre uma nova rodoviária em Sorocaba. Esse nunca foi um tema que instigou o então candidato a prefeito Vitor Lippi. Renato Amary, surpreendentemente derrotado para Pannunzio em 2012, tinha a intenção de construir uma nova rodoviária, tema que nunca instigou Pannunzio, tanto que em 2013 ele colocou uma pedra sobre este assunto numa das primeiras entrevistas que fiz com ele. Na eleição vencida por Crespo, este tema ficou em segundo plano em razão do contexto histórico daquele pleito. Na eleição de 2020, novamente, o tema não apareceu na campanha eleitoral. Isso, porém, não impediu que um dos primeiros anúncios feito por Rodrigo Manga fosse a decisão (nem intenção, nem vontade) de construir uma nova rodoviária em Sorocaba.

O projeto do futuro estabelecimento é impactante uma vez que além de cumprir sua função de abrigar a chegada e partida de ônibus ele também será um centro de comércio e serviços. Para sentir o pulso, como se diz em política, vazou-se a idéia de que a nova rodoviária seria em Santa Rosália e o bairro de mobilizou, gritou, disse não. Depois, de que seria na região da rodovia Celso Charuri e novamente os moradores foram contrários. Ontem, quarta-feira, o mistério do local chegou ao fim com o anúncio da nova rodoviária na rodovia Raposo Tavares numa área pública atrás da Arena Multiuso, vizinha ao Novo Hospital Regional.

Numa postagem do candidato derrotado a prefeitura de Sorocaba no ano passado, Renan dos Santos, onde ele critica a escolha por ser muito longe, os comentários dos seus seguidores me chamaram a atenção pelo fato de a maioria ver na decisão do local da nova rodoviária uma “vitória” da classe média de Santa Rosália contra os pobres da Zona Norte. Há, o sentimento de uma clara “luta de classes”. E os “pobres” sentiram-se derrotados. Há uma fala de uma leitora dizendo que foram as classes C e D que elegeram Manga e ele dá uma pisada na bola dessas.

Minha compreensão, associando a escolha do local da Nova Rodoviária com um trecho da entrevista que Manga me concedeu na semana passada, quando ele fala que em 2023 haverá em Sorocaba a Revisão do Plano Diretor (instrumento que determina as regras de expansão de crescimento da cidade), é de que Manga fez uma clara opção por expandir a ocupação de Sorocaba em oposição ao que seria adensar. Expandir significa levar aparelhos públicos (como é o caso da Nova Rodoviária) para locais distantes afim de que o caminho entre o Centro e esse local venham, ao longo do tempo, sendo ocupado pela iniciativa privada através de empreendimentos imobiliários. Adensar, opção não escolhida, seria ocupar os vazios das regiões hoje já habitadas, onde existem milhares de terrenos vazios, retardando o crescimento ainda maior da cidade.

Luiz Daher, ex-chefe de gabinete do prefeito Renato Amary, numa postagem sua hoje lembrou que a mesma reclamação vista agora com o anúncio do local da Nova Rodoviária foi vista em Sorocaba nos anos 70 quando o então jovem prefeito Theodoro Mendes decidiu instalar o Paço Municipal no local onde está hoje. Lá era um pasto. Só havia o Joquéi Club e hoje, 50 anos depois, é o Centro Cívico de Sorocaba concentrando desde Prefeitura, Câmara, Receita Federal, Centro das Indústrias até comércios como Padaria, Farmácia, Restaurante, empresas de comunicação.

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