A gênese da entrevista com o prefeito

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Entrevista, não questionários tipo cor, flor, fruta dos jogos de Stop de nossa infância, é o diálogo {que se traduz na essência dessa palavra dia (dois) + logos (razão)}, de duas pessoas que decidem falar de temas que sejam comuns a ambos.

Quando me dirijo a uma autoridade, como fiz com o prefeito Manga na quinta-feira passada (a entrevista pode ser acompanhada pelo Facebook e Youtube), o faço com esse espírito, ou seja, o de abordá-la do ponto de vista de temas de interesses das pessoas que estão sob as suas decisões, como está qualquer comunidade em relação ao prefeito escolhido por ela.

Comecei este trabalho de entrevistas simultaneamente ao momento em que o prefeito Pannunzio iniciava o mandato de seu governo em 2013. Foram dezenas de entrevistas para entender as ações e decisões do chefe do executivo de então. O mesmo se repetiu com Crespo. Se interrompeu com Jaqueline Coutinho pois, a convite dela e aceitação minha, fui ser o secretário de Comunicação de sua gestão. Agora, com Manga no governo, retomo essas entrevistas.

Minha busca é pela gênese do prefeito de plantão.

Não falarei nada sobre a Jaqueline em razão de ter sido parte do governo dela e, com isso, entendendo que qualquer manifestação minha estaria contaminada pela proximidade que o cargo me deu dela.

De Pannunzio e Crespo, suas respostas sempre eram diretas a respeito do que eu perguntava. A entrevista era quase uma equação matemática: P (Pergunta) + R (Resposta) = A (Ação do governante). O que na prática significa dizer que Pannunzio e Crespo comunicavam a Razão. Não havia para ambos, nenhum problema em dizer que algo não iria acontecer, que não tinha dinheiro, que a lei impedia… Como prefeito, ambos se comportavam com o que são por formação: engenheiros. Eles calculam e a resposta sempre foi é possível, não é possível. Vai ser feito, não vai ser feito. E pronto.

E de Manga?

Sugiro que assistam a entrevista que fiz com ele. É quase que uma dança. Em alguns momentos eu conduzo e em outros ele conduz. Ele cede em algum momento; eu, em outros. E conseguimos manter um ritmo. O humor, muito do prefeito e de mim também, acaba sendo o que dá tenacidade ao nosso diálogo. Mas, ao contrário de Pannunzio e Crespo onde P + R = A, com Manga P + R = S. Sim, S. De Sonho. Não importa o que eu perguntei, a resposta de Manga sempre foi o Sonho. Mas que Sonho, imagino vocês leitores se perguntando. E a resposta é o Sonho do que ele deseja fazer, de como ele deseja ser visto, de como ele deseja deixar a prefeitura, do que ele pretende fazer com seu futuro político, de como ele pretende que cada sorocabano interprete a Sorocaba que vive.

Um exemplo: o senhor falou da rodoviária, mas os moradores dos bairros Santa Rosália e região da Celso Charuri não querem, são contra. E a resposta: Deda, a rodoviária é projeto lindo, é maravilhoso, é de primeiro mundo, Sorocaba nunca viu uma obra como aquela, vai ser magnífica, um centro de serviços, terá polícia militar, federal, GCM… Quando eu apresentar a nova rodoviária, você vai ver… Mas o senhor vai ou não fazer num desses lugares? Deda, é maravilhoso. Onde ela vier a ser feita, vai agregar valor, linda… Me senti (lembrando que como entrevistador sou o representante do cidadão sorocabano naquele momento) como alguém comprando um carro novo, no caso da rodoviária uma Elba 2001, como se fosse uma Audi 2021.

Manga vende o sonho. Manga é Emoção, ao contrário de Pannunzio e Crespo que eram Razão. Manga é vendedor. Ele vende o benefício do produto comprado, não o produto em si. Ele vende o futuro.

Mas Manga, você ainda é bolsonarista! Você tem empatia, o presidente não. Não combina. Deda, veja, ele mandou milhões de recursos para cá. Não posso reclamar dele. Ele me ajuda tanto. Entendo que se Lula, Ciro, Moro, Doria… qualquer um ganhar, Manga vai aderir e agradecer se, sim, se, o presidente enviar recursos. Pois seu Sonho só se realiza com dinheiro. E Manga sabe disso (aprovou o empréstimo em dólares na primeira semana de governo) e se adapta para que eles venham. E ele siga sonhando e entregando sonhos.

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