As pessoas de tons pastéis

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Pela minha percepção, o presidente mudou de postura há pouco mais de dois meses. Não há agressão gratuita, não há tomada de posição contraditória, não desautorizou nenhum ministro e, praticamente, não abriu a boca.

A imprensa tenta mostrar que ele segue o mesmo e atribui a ele a tentativa de reunir presidentes partir à Rússia visitar Putin, o que ataca a Ucrânia desde o final de fevereiro, atribui outras patifarias que certamente ele fez. Mas tudo de boca fechada.

A estratégia do presidente é a de dar corda ao seu opositor para ele se enforcar. Lula não caiu nessa armadilha, mas lulistas e petistas mordem diariamente a chumbada.

Até aqui, faltando cinco meses para a eleição, a guerra é unicamente estética. O que significa dizer que o verde, amarelo, azul (cores mais amistosas) estão associadas ao presidente e sua fase de boca fechada. Parece até que ele é do bem, democrata, empático, competente. O vermelho e seus tons, que denotam luta, combate, conflito é esbanjado por lulistas e petistas.

Quem vai decidir o vencedor da eleição, o eleitor que odiou o comportamento do presidente, seu desprezo pelas 650 mil mortes pela Covid19, não suporta o conflito. Ele quer viver bem. Esse brasileiro que vai decidir a eleição prefere os tons pastéis. Ele quer votar em alguém que não piore sua condição e, se possível, a melhore. Mas só de não atrapalhar ele já vai ficar feliz.

E hoje o presidente está em vantagem. Sua estratégia de fechar a boca está funcionando justamente porque lulistas e petistas estão vociferando.

O que isso significa?

Significa que para essa faixa do eleitorado, que vai decidir a eleição, hoje a reeleição do presidente significa que nada ficará pior do que está. E a volta de Lula significará ir à desforra. Lula sabe disso e, portanto, 1) seu discurso está focado no perdão, 2) escolheu um marqueteiro que promete desvermelhar seu candidato, 3) conversa com os empresários, militares e associações para garantir a eles, no olho no olho, que não haverá perseguição e será um governo de tocar a vida.

Mas as pessoas, essas dos tons pastéis, medem as outras por sua própria régua, ou seja, as pessoas acreditam que haverá desforra. Aí resistem a tirar o presidente.

Lula tem como primeiro desafio convencer a sua militância. O que não é fácil. Basta ver o mar vermelho da festa de 1° de Maio, Dia do Trabalhador…

 

FOTO: Reprodução de imagem do portal Rede Brasil Atual, de autoria de JPRodrigues/MST

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