O erro gramatical é engraçado. O de conteúdo, não

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Durante um pronunciamento na Câmara de Vereadores na sessão de ontem, o vereador Dylan Dantas usou um termo que não existe na Língua Portuguesa (impaquita) com o intuito de dizer que causa impacto sua atuação como legislador sorocabano.

Seu erro viralizou nas redes sociais com seus críticos associando o termo por ele inventado com as paquitas, dançarinas do extinto programa de TV “Xou da Xuxa”.

Sem dúvida, é engraçado o seu erro, sua tentativa de justificar quando ele diz que prefere errar transformando em verbo um substantivo ao invés de usar termos adotados pela “esquerda” como todxs em substituição a todos ou todas.

Mas não é engraçado o conteúdo de seus projetos (abaixo estão oito deles), uns sem efeito algum na sociedade e outros de um retrocesso sem fim, como de tirar dos conselhos municipais a sua autonomia.

Ser legislador deve ser uma atividade séria, pois ela é complexa e afeta uma sociedade. E, como já disse aqui em outra postagem, o problema não é de Dylan, pois me parece que ele acredita no que faz, mas de quem o colocou no cargo. Dylan é apenas reflexo da sociedade onde ele vive. E, me parece, ninguém está com vontade de debater essa questão.

Dylan está na faixa dos 25 anos de idade, o que significa que ele estudou sob os governos do PSDB e PT. Governos que se dedicaram única e exclusivamente à economia, quando simultaneamente também deveriam ter cuidado da Educação. Não o fizeram. O que vivemos hoje é reflexo da incapacidade das pessoas em entender o processo histórico que nos trouxe até aqui e abrir o diálogo que possa assegurar os direitos conquistados por uns sem impedir que os excluídos também tenham chance de avançar.

Os projetos de Dylan que “impaquitam” Sorocaba:

  • Responsabiliza civil e penalmente estabelecimentos, empresas ou instituições que exigirem o comprovante de vacinação de qualquer indivíduo sem fornecer as devidas opções legais.
  • Não permitir qualquer forma de dogmatismo ou proselitismo na abordagem das questões de educação sexual nas escolas, cabendo aos pais ou responsáveis legais a orientação neste sentido.
  • Tornar os conselhos municipais entidades que atuariam apenas de forma consultiva. No texto, o parlamentar Dylan Dantas (PSC), autor do projeto, sugere que quem quer legislar que se candidate a vereador.
  • Criar a Frente Parlamentar Conservadora, a ser composta mediante adesão voluntária dos vereadores, com o objetivo de promover discussões, estudos e ações sobre o tema.
  • Define que instituições ou empresas que obrigarem seus funcionários ou clientes a usarem máscaras faciais mesmo sem lei ou decreto municipal, estadual ou federal que estipule essa medida estarão sujeitas ao pagamento de multa.
  • Cria o “Dia da Família Tradicional”.
  • Proíbe a utilização da ideologia de gênero nas escolas públicas e privadas da cidade, dentro ou fora da sala de aula.
  • Veda a disseminação de conteúdo que utilize a ideologia de gênero e a veiculação de qualquer tipo de acesso a conteúdo sexual que possa constranger os alunos ou faça menção a atividade que venha a intervir na direção sexual da criança e do adolescente.
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