A morte de Fidel poderia ter mudado a história de um jornal se tivesse ocorrido há uma década. Será?

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O Bom Dia tinha menos de um ano de vida, em meados de 2006, quando Fidel Castro deu um claro sinal que chegava ao fim.
O Bom Dia foi o primeiro jornal impresso do Brasil para atuar em rede. Algo como acontece nas TVs. E a iminente morte de Fidel levou as praças de Sorocaba, Bauru, Jundiai e Rio Preto a trabalharem na produção de um amplo material.
A CEC  (Central de Edição Compartilhada), uma invenção de Matinas Suzuki Jr, trabalhou a todo vapor. Matinas queria uma cobertura exemplar. Ele queria um material digno dos jornais de circulação nacional.
O negócio do Bom Dia na visão do Matinas, e a iminente morte de Fidel passava a dar clareza a isso, era ser notado pela mídia nacional. O negócio do Bom Dia, na minha visão, um mero editor da praça de Sorocaba, era atender com excelência o leitor de Sorocaba.
A morte de Fidel para mim era noticia, sem dúvida. Mas não a mais importante. O local sempre foi sagrado para um jornal local. A conexão da morte de Fidel com o morador de qualquer cidade do interior ou capital do Brasil não passa de uma efeméride. Fidel é o símbolo de uma convicção, e só. Donald Trump, esse fanfarrão que vai comandar os EUA, também. O mundo é feito de símbolos de convicções de lado a lado do sentimento ideológico que faz uma sociedade ser o que é.
Talvez Matinas tivesse razão em sua visão de negócio, pois o Bom Dia fez a opção pela minha e morreu precocemente. Matinas deixou o Bom Dia em 2008, acho. Eu ainda fui até 2012. O jornal naufragou de vez logo em seguida quando J.Hawilla o vendeu.
Talvez, como saber, se Fidel tivesse morrido em 2006 e o Bom Dia tivesse publicado e feito história com aquela planejada e exemplar cobertura da sua morte o jornal tivesse tido melhor sorte.
Mas em um ponto concordava com Matinas e ainda acho que será a salvação do jornal impresso diário : contar boas histórias. O jornal está na UTI por que deixou de contar histórias e optou por fazer relatórios chatos.

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