O prefeito Crespo, desde o 2º turno das eleições, quando o governador gravou vídeo de apoio a ele na disputa com Raul Marcelo (PSOL), busca atrair os tucanos sorocabanos para o seu lado. De imediato levou junto os vereadores eleitos (Martinez, João Donizeti e Anselmo Neto) e aconteceu o que poderia parecer o mais improvável, que era um comportamento ameno dos deputados Maria Lúcia Amary e Vitor Lippi. A deputada por ser ex-esposa do padrinho político de Crespo, Renato Amary. O deputado por ser adversário fidagal do então vereador Crespo em especial quando deixou o comando do executivo. Mas esses fatos não fizeram dos deputados adversários declarados. E o que parecia ser o mais provável, que era uma aproximação de Crespo com Pannunzio, afinal ambos são amigos de 40 anos e Crespo coordenou a construção dos terminais de ônibus no primeiro manda de Pannunzio, e foi seu candidato a prefeito naquele momento, não aconteceu. Ao contrário, Crespo mira desde os primeiros dias do seu mandato uma saraivada de críticas ao governo Pannunzio. Minha interpretação é o que há de mais óbvio nas ações de Crespo, ele quer isolar Pannunzio dentro do tucanato sorocabano. Pannunzio, vale lembrar, é mais ligado ao ministro e senador licenciado José Serra, adversário de Geraldo Alckmin.
E Pannunzio vinha se comportando dentro das regras desse jogo, ou seja, mantendo-se gelado em relação a cada provocação. Foi chamado de irresponsável em relação ao Carandá, foi responsabilizado por não ter feito prevenção na adutora que castigou a cidade por 8 dias sem água. É acusado de não ter deixado previsão orçamentária para despesas superiores a R$ 140 milhões do convênio com os hospitais…
Mas, para surpresa de quem acompanha essa batalha silenciosa, incluindo eu, não é que Pannunzio decidiu reagir. Ou melhor, rebater, verbo usado pelo editor para a reportagem de Regina Helena Santos, publicada na edição de sábado do jornal Cruzeiro do Sul. Lá ela informa que “o ex-prefeito Antonio Carlos Pannunzio (PSDB) procurou a redação do jornal Cruzeiro do Sul, na tarde desta sexta (10), com o objetivo de contestar acusações, feitas pelo atual prefeito José Crespo (DEM), de que ele teria agido de forma equivocada ao estabelecer um cronograma para a entrega dos apartamentos do Jardim Carandá. A suspensão, pela atual administração, da entrega das chaves em 25 de janeiro e posterior divulgação de que isso acontecerá a partir de 25 de março, é um dos pontos criticados por Pannunzio. “Qual é a diferença do que ele vai entregar em relação ao que eu entreguei? As escolas estarão prontas? O acesso da rodovia, vai ser exatamente o que o DER fez, não vai ter outro. O DER não pode fazer sem licitação. Ele vai entregar exatamente como nós planejamos.” Munido de documentos, ofícios e cópias de mensagens eletrônicas trocadas com representantes de diversas áreas da Prefeitura e governos do Estado e Federal, Pannunzio disse que (…)
Ou seja, Pannunzio decidiu entrar no mar para enfrentar o tubarão. Na areia, ele teria alguma chance de sair vencedor. Mas no mar, ou seja, no âmbito do poder, Pannunzio só tem a perder afinal a caneta, agora é de Crespo. Não será gritando nas páginas dos jornais ou nos microfones das rádios que Pannunzio vai convencer os vereadores (Anselmo Neto já virou secretário de Crespo, inclusive) a manterem o PSDB sorocabano longe de Crespo. Muito menos, assim, ganhará o respaldo de Maria Lúcia Amary e Vitor Lippi para posicionar o PSDB na oposição. Crespo, no momento, ganha esta batalha e surpreendentemente Pannunzio agiu no calor da emoção. Sua manifestação no jornal, pedindo para falar e levando documentos a jornalistas, não está compatível à altura da sua liderança política. O jornal, obviamente, não escreveu isso, mas muitos, especialmente aqueles que acompanham essa batalha silenciosa, leram que Pannunzio está de xororô.
FOTO: Prefeito ladeado por Anselmo Neto, vereador tucano que aceitou o convite para ser seu secretário, e JP Miranda, suplente que virou vereador, é é da Executiva do PSDB sorocabano