Me chamou a atenção um fato em particular na partida em que o Palmeiras levou a melhor contra o Atlético Mineiro, apontado como favorito por 10 entre 10 comentaristas esportivos como favorito, e dia 27 de novembro, no Estádio Centenário de Montevidéo, no Uruguai, vai decidir o título da Libertadores 2021.
Não quero falar sobre o comportamento em campo dos jogadores do Palmeiras, similar às estratégias dos melhores jogadores de xadrez. Eu, nascido palmeirense de pais e irmãos, não perco uma partida dessas. E na noite desta terça-feira não foi diferente, comecei a ver o pré-jogo, a movimentação no estádio, o aquecimento dos jogadores. E depois de muitos meses o torcedor esteve novamente presente no estádio.
É sobre o torcedor que desejo conversar com vocês. Eu sei que mesmo quem não se interessa por futebol, num jogo dessa magnitude, se vê envolvido nele tamanho o volume de informação em seu entorno. Ao vivo, nos meios de comunicação tradicional ou nas redes sociais estão referências a esse jogo.
O torcedor que foi ao estádio na noite de terça-feira (foto), aquele mostrado nas imagens da TV (SBT o jogo e ESPN o pré e pós-jogo) estavam “confortavelmente” sem máscara. Era raro ver um ou outro com a boca e nariz protegidos. Arrisco a dizer que 99,9% estava ou sem máscara ou com ela na orelha ou queixo.
Pouco me importa se houve falha dos organizadores sobre essa fiscalização, mas sobre a “confiança” (ou ignorância) do torcedor em relação ao fim da pandemia. Tirar a máscara, não usá-la ou usá-la de modo errado é uma decisão pessoal que afeta o outro. E por qual razão as pessoas insistem na sua “liberdade” individual em detrimento da coletiva?
Manchetes como “Há 4 dias cidade não registra morte por Covid” querem dizer o que ao seu leitor? O senso comum compreende o evidente: a Covid acabou, posso ter vida normal. A prefeitura propaga que quase 1 milhão de doses da vacina foram aplicadas em Sorocaba, notícia excelente, que mostra que o prefeito Manga fez o que era preciso ser feito, mas dá margem para a falsa realidade de que o perigo passou. Tanto não passou que é crescente o número de contaminados e os mortos voltam a bater na casa dos quase mil por dia.
A ignorância demonstrada pelo torcedor atleticano (era torcida única) é apenas uma pequena amostra da ignorância do brasileiro de um modo geral. Se nem os 595 mil mortos, ou milhões de sequelados que sobreviveram à doença, despertam nossa tristeza o que despertará? 1 milhão de mortos; 2 milhões…
Os torcedores sem máscara, para mim, indicam uma empatia deles com o governo negacionista do presidente Bolsonaro, aquele que disse no princípio de tudo que se tratava de uma gripinha e agora, na semana passada, disse que a Covid “abreviou” em alguns meses quem já estava doente e iria morrer.