Aliados sorocabanos de Bolsonaro chamam escritor de mitômano; ele rebate

Compartilhar

Publiquei a postagem “Quem sabe o presidente possa nos dizer o que aconteceu com meu pai?”, um emocionante depoimento do escritor Marcelo Adifa sobre as dores que a Ditadura Militar lhe causou e, também, à sua família após o sumiço do pai dele naquele período da história do Brasil.

Aliados sorocabanos do Bolsonaro, após lerem minha postagem, passaram a questionar a veracidade da sua história. Um deles, pessoa importante, que prefere o anonimato, e eu respeito essa sua decisão, me disse: “O Marcelo Adifa nasceu em 1979. A história dele não bate. Não houve mais desaparecidos nessa época. Eu acho que ele é mitômano”.

Bem, tal adjetivo pode assim ser explicado: Mitômano é o mentiroso compulsivo, mente com tanta convicção que é capaz de crer na própria mentira. Faz da mentira sua principal qualidade. Adquire dependência da mentira e passa a ter necessidade de mentir.

Ao meu pedido, Adifa rebateu os que questionam a sua história. Rebateu de cabeça fria. Ficou claro para mim que Adifa teve um desgosto ao saber que desconfiam dele. Adifa prepara um novo livro, este com a história da sua família.

Leia a íntegra do que disse Adifa: “Sou um escritor, cabe ao público detectar o que é verossímil e em que ponto em cada poesia ou narrativa que escrevo. Todo material meu tem uma memória residual muito forte da minha formação e das referências que se fizeram parte da minha vida, incluindo as desavenças com meu pai e todo o processo que o transformou de herói para alguém cujo velório evitei; das lembranças de surras e brigas.

Quando nasci, final de 1979, ainda respirávamos os ares da ditadura militar e ele já não era o mesmo, tendo passado por tantas coisas que conhecemos e muitas das quais não temos domínio, como as longas queimaduras em suas pernas e que lhe exigiram enxertos e muitas operações.

Raramente falo sobre minha família, um pouco por preservação de uma história que é muito dolorida e que devo abordar em livro no próximo ano (a sair pela Editora Penalux em obra ainda sem título).

Triste é perceber nos atos do novo governo e de alguns dos seus seguidores a desfaçatez em cada ato, a tentativa de construir uma nova história apagando o passado, suprimindo seus adversários, forjando orgulho em períodos que os democratas devem lutar para evitar que voltem.

Que nunca não esqueçamos do que passamos.”

Comentários