Ao pedir apoio ao Centro de Referência do AVC na Santa Casa, médico revela desconfiança sobre a reestruturação da saúde

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O médico da rede municipal de saúde há quase 27 anos, e atual diretor técnico do Hospital Santa Casa de Sorocaba, Fernando Brun, utilizou a tribuna da Câmara Municipal na semana para pedir o apoio dos parlamentares na implantação no hospital do Centro de Referência do AVC (Acidente Vascular Cerebral). Hoje, na coluna O Deda Questão no Jornal Ipanema (FM 91.1Mhz), ele, juntamente do médico cardiologista José Roberto Redini Martins, coordenador dessa área na Santa Casa, os dois voltaram a pedir o apoio da comunidade a esse projeto.

Para implantação do centro, o médico reforçou que é preciso capacitar a Santa Casa, que está ofertando o espaço, além de capitação de verba para compra de equipamentos e manutenção do serviço por um ano, período suficiente para que seja atingida a média histórica, que possibilitará o cadastramento junto ao Ministério da Saúde. Eles explicaram que estudo mundial aponta o AVC como a segunda causa de morte no mundo e a primeira a deixar sequelas: “Queremos dar uma chance para que o paciente SUS tenha a mesma oportunidade da rede particular”, afirmaram.

O serviço já existe na Santa Casa, porém não estruturado de acordo com as normas de uma portaria do Ministério da Saúde que prevê dinheiro, desde 2012, para quem tem um centro dessa natureza, dentro do que dita essa norma. Chegou a hora de Sorocaba, explicaram.

Eles reforçaram a necessidade de um atendimento precoce de pacientes com AVC e da parceria com o SAMU e do lançamento de um aplicativo, que fazem parte do projeto de implantação do Centro de Referência do AVC e da Unidade Cardiovascular.

Plano de Reestruturação da Saúde

Aproveitando a experiência de mais de quase 27 anos do médico Fernando Brun na rede municipal de Sorocaba quis saber se o Plano de Reestruturação da Saúde, desejo do prefeito Crespo, onde de maneira simplista é a pretenção de tirar o paciente das UPHs (Unidade Pré-Hospitalar) e leva-los às UBS (Unidade Básica de Saúde), vai melhorar a saúde oferecida ao paciente.

Sem meias palavras, em que pese ter ressaltado a boa intenção do prefeito Crespo com essa medida, ele disse que não acredita que dê certo por uma razão simples: não existe medicina sem leitos. Hoje, disse ele, Sorocaba tem apenas 200 leitos (no passado já chegou a ter 500, mas a política implementada no governo Lippi diminuiu esse número) e se não tiver no mínimo 600 leitos de nada vai adiantar qualquer reestruturação e boa vontade. Ele citou como exemplo, uma analogia: é como se a pessoa que procura o SUS para tratar de uma doença fosse a um hotel e lá oferecesse a ele um amplo jardim, bonito, bem cuidado, mas sem quarto para ele.

Ele disse que nestes 27 anos teve a chance de falar com todos os prefeitos (Renato Amary, Vitor Lippi, Pannunzio e Crespo) sobre o fato da necessidade número 1, quando se busca implementar uma Política de Saúde Pública é oferecer leito ao paciente, mas que não foi ouvido por nenhum deles.

FOTO: Médico Fernando Brun, no dia 10 de maio, na tribuna da Câmara de Vereadores onde foi pedir apoio ao projeto de AVC na Santa Casa

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