Autoridades do Executivo prestam contas da saúde financeira da Prefeitura no Poder Legislativo
A Câmara Municipal de Sorocaba realizou na manhã desta quarta-feira (31/05), audiência pública de apresentação das Metas Fiscais do Município referentes ao 1º Quadrimestre de 2017 – os primeiros meses de governo do prefeito José Crespo. A audiência foi presidida pelo vereador Hudson Pessini (PMDB) que é o presidente da Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e Parcerias da Casa, também formada pelos vereadores Péricles Régis (PMDB) e João Paulo Miranda (PSDB).
Os dados foram apresentados pelo secretário da Fazenda, Fábio de Castro Martins, que esteve acompanhado do diretor-geral do SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) e secretário de Recursos Hídricos, Ronald Pereira da Silva, o diretor-presidente da Urbes e secretário de Mobilidade e Acessibilidade, Wilson Unterkircher Filho, a vice-presidente da Funserv (Fundação da Seguridade Social dos Servidores Públicos Municipais), Silvana Chinelatto e o secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda e presidente do Parque Tecnológico, Roberto Machado de Freitas. Além dos membros da Comissão de Economia, também acompanhou a audiência pública o presidente da Comissão de Justiça da Casa, vereador José Francisco Martinez (PSDB).
Saldo positivo de R$ 203 milhões
Com saldo positivo no primeiro quadrimestre, o secretário da Fazenda confirmou a “saúde financeira” do Município, apesar da crise econômica. O secretário também reforçou que atualmente não há dívidas com fornecedores, estando todas as contas da atual gestão em dia.
Entre os meses de janeiro e abril deste ano, a Prefeitura apresentou uma receita primária total de R$ 649,868 milhões contra uma despesa primária de R$ 446,288 milhões, com um resultado primário positivo – que representa a diferença entre as receitas primárias e as despesas primárias – de R$ 203,580 milhões.
Sobre o resultado primário total (somada Prefeitura, Câmara Municipal, Saae, Funserv Previdência, Funserv Saúde, Parque Tecnológico e Urbes), a receita total foi de R$ 897,814 milhões e a despesa de R$ 692,637 milhões, com resultado primário positivo de R$ 205,177 milhões. O secretário ressaltou que a meta do resultado primário para 2017 seria negativa em – R$181,202 milhões, sendo, portanto, o superávit conquistado positivo para o Município. Em relação ao mesmo período do ano anterior, a variação do valor arrecadado foi de 1%, o que representa um déficit real de -2,96% (se descontada a inflação).
A receita tributária nos primeiros meses do ano somou R$ 258 milhões, 12,73% a mais, em valores reais (descontada a inflação), em relação ao mesmo período do ano anterior. O secretário explicou que se tratam das receitas próprias do município (IPTU, ITBI e ISS) e que o Executivo vem desenvolvendo ações para aumentar essa arrecadação. A receita de contribuições também cresceu em termos reais no período, em relação a 2016, 6,56%.
Já a receita de transferências correntes caiu -5,62%, assim como a receita oriunda do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias), cuja variação real foi de -7,02%. Fabio Martins lembrou que a crise econômica por qual passa o país interfere diretamente na arrecadação e nas transferências dos governos Estadual e Federal ao Município. Já a arrecadação com o Fundo de Participação do Município somou R$ 16,841 milhões, com 10,85% de variação nominal e 6,5% de variação real positiva em relação ao mesmo período de 2016.
O saldo da dívida fiscal líquida do município ao fim do 1º quadrimestre de 2017 (30 de abril de 2017) era de – R$ 70,521 milhões, ou seja, saldo positivo em caixa, enquanto no mesmo período de 2016 a dívida era de R$ 58,248 milhões. Em relação às despesas com pessoal, foram liquidados no período R$ 967,816 milhões. Em 2016, no mesmo período, o valor cresceu em R$ 29,131 milhões o que, segundo secretário, representa basicamente o crescimento vegetativo da folha de pagamento. A porcentagem gasta com pessoal atualmente na prefeitura equivale a 42,27% do orçamento municipal. O limite legal de alerta é de 48,6%, o limite prudencial 51,3% e o limite máximo previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal 54%.
Folha estaria em 45% com reajuste do servidor
Questionado pelo presidente da Comissão de Economia sobre a saúde financeira de Sorocaba, o secretário afirmou que a austeridade da atual administração busca manter o equilíbrio entre receita e despesa, para evitar a situação de colapso por qual passam muitos municípios do país. “Não podemos fazer despesas novas, temos que basicamente equilibrar as despesas. Nesse primeiro quadrimestre, com muito esforço de toda a equipe, conseguimos esse equilíbrio em nossas finanças. Diante do cenário nacional, Sorocaba está à frente de muitos municípios”, concluiu.
Em seguida, o vereador Péricles Régis quis saber se as dívidas da Saúde, anunciadas pelo atual governo no começo do ano como herdadas do governo anterior, constam dos dados apresentados pelo secretário, o que foi negado. Segundo Fábio Martins, essas dívidas ainda estão sendo levantadas, através de sindicâncias, e só após a apuração serão autorizados os pagamentos.
E JP Miranda questionou a situação dos gastos com pessoal, lembrando que na última apresentação estaria bem mais próximo do limite de alerta que no dado atual. Segundo o secretário, no geral, a diminuição na porcentagem apresentada se deve ao fato da Prefeitura não ter concedido ainda o reajuste salarial dos servidores e o fato de os benefícios concedidos ao funcionalismo, como cesta básica, não entrarem no balanço. Martins afirmou que se ambos estivessem computados, o Município estaria bem próximo dos 45%.
Minha conclusão
Agora vai minha interpretação de tudo isso: a saúde financeira vai bem, mas se a folha estivesse em 45% não estaria (o secretário não disse isso, mas eu interpretei dessa forma a fala dele) e como qualquer aumento está condicionado à “saúde financeira” (isso é fato já dito mais de uma vez pelo prefeito), ou seja, se o gasto da prefeitura com a folha chegar perto de consumir metade do orçamento (o que o secretário afirma que ocorreria) não haverá aumento. Vale lembrar que a data-base de reajuste é em janeiro e o prefeito disse que só vai debater o tema em outubro.
Enfim, é só minha interpretação. Os bons números mostrados na audiência nem de longe significam uma boa notícia para o funcionalismo público municipal.