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Algumas vezes por dia eu clico no ícone do Facebook no meu celular e cada vez que abre eu leio o assunto que me aparece. Raramente algo me desperta a atenção a ponto de eu clicar e ir ao texto ou ao que ali como meme, vídeos, imagens, por exemplo. 

Não sei qual a lógica do algoritmo para o que me oferece. Muitas pessoas aparecem durante muito tempo, por dias seguidos, e de repente somem. Outras, de quem sou amigo, nunca aparecem ou apareceram.

Conheço quem acesse o Facebook com outra lógica como, por exemplo, buscando pessoas específicas para ler o que elas publicaram. 

Conheço quem também comente numa publicação, dando a sua opinião, e receba resposta e dê outra… enfim, estabelecem um diálogo (razão de dois) onde milhares podem ficar prestando atenção como espectadores.

Eu, que sou mudo no mundo real, igualmente sou mudo no virtual. O Facebook, para mim, para o modo como o uso, é como a gôndola onde coloco meu texto (publicado no meu blog) e fico esperando que alguém o pegue para ler. Eu gosto de ser lido. Se gostam, concordam, odeiam, abominam… entendem… eu quase nunca sei. Mas só de saber que tive um leitor, já está completa a missão de ter publicado.

O que me incomoda, e isso está me chateando, e obrigando a ver que eu passo por um processo de transição de fase de vida, é quando eu não entendo algo. Especialmente algo que todo mundo está entendendo. Isso ocorreu ontem, por exemplo, com “calvo do Campari”. De manhã, uma pessoa que não conheço, publicou um troço com Campari. E nas vezes seguintes que cliquei no Facebook outras pessoas, a maioria amiga virtual, falando do mesmo sujeito do Campari. Curioso, mergulhei no hipertexto e o máximo que descobri foi um cara (pra mim desconhecido) que ia resolver no processo ou na bala um atrito com uma mulher (pra mim também desconhecida) por causa de uma publicação… mas nenhumazinha explicação sobre o Campari. Apenas ofensas contra a bebida como, por exemplo, uma que disse preferir Buscopan sem água. O que só expressa o pobre paladar dela. Eu adoro Campari. Puro ou com tônica. Com gim. Uma rodela de laranja. Hummmm!

Não foi a primeira vez que me sinto “por fora” no sentido literal (e também de gíria dos anos 80) dessa expressão. O que é péssimo. O que piora meu sentimento de isolamento é o fato de eu me sentir “por fora” com uma frequência acentuada. Não é um caso isolado. Já fui, por muitos e muitos anos, um “por dentro”. Agora estou entre a cruz e a espada: Não sei se apenas aproveito a nova fase ou me relaciono com quem não tenho o menor interesse para ser um “por dentro”.

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