Dois participantes da reunião do Conseg-Centro (Conselho de Segurança Comunitária) de Sorocaba, na noite de quinta-feira, numa sala do Conjunto Santa Clara, desciam a rua ao lado da Igreja Catedral, logo depois do encontro, e um desabafou com o outro: o Centro está tenebroso à noite.
Era uma referência à quantidade de pessoas em situação de vulnerabilidade que se encontravam naquele momento, naquela rua, e na praça central da cidade, a Coronel Fernando Prestes. Um volume de pessoas muito maior do que há dois anos, quando havia ocorrido a última reunião noturna do Conseg-Centro, cujos os encontros presenciais haviam sido interrompidos em razão da pandemia.
Entendi essa referência ao centro de Sorocaba como uma biópsia, ou seja, é apenas um pedaço que se tira do todo para se verificar o estado geral de um paciente.
E pelo que ouvi de um dos participantes, haviam mais de 25 entre autoridades e membros da sociedade civil, a reunião do Conseg-Centro não apresentou nada de novo: “Os participantes assistentes repetiram as já tradicionais e justas reclamações e relatos de problemas e dificuldades, que se repetem há muito tempo, principalmente provocadas pelas chamadas ‘pessoas em situação de rua’, à elas somados os desocupados, malandros e usuários de drogas, servidos pelos traficantes sempre presentes, gerando os eternos, sérios e graves problemas de inseguranças causados aos comerciantes, aos trabalhadores e aos moradores da região central que, como sempre, declaram e destacam a contínua depreciação da região e a falta de fiscalização, policiamento e sistemas de proteção eficientes”.
Num outro trecho, o relato mostra que as autoridades seguem sem agir, apenas dando desculpas: “A exemplo de reuniões anteriores, o tempo foi preenchido por discursos de autoridades esclarecendo e explicando as também reais dificuldades existentes para o bom cumprimento das ações esperadas e desejadas por todos. Em paralelo, também por discursos políticos”.
Mas qual é o resumo do encontro? “Muita das falas foi para adicionar reclamações às justas, frequentes e já tradicionais reclamações e reinvindicações da sociedade civil. Nada foi acrescentado, pelas autoridades, na busca ou prática de soluções. Um vereador, que não me lembro o nome, esteve presente e apenas fez política. Resumindo: rotina!”
O Brasil, a partir dessa biópsia feita no Centro de Sorocaba, segue acumulando pessoas jogadas à extrema pobreza, vivendo da benemerência de entidades que lhe dão um prato de comida. Segue com as autoridades aturdidas diante da realidade, sem saber o que fazer a não ser explicar a inoperância pela burocracia na qual estão mergulhadas.